20/07/2007

Thurston plants trees outside the academy


Depois do brilhante “Rather Ripped” de 2006, onde os Sonic Youth demonstram estar mais em forma do que nunca, chegou a vez de Thurston Moore voltar a editar em nome próprio, o que já não fazia desde “Psychic Hearts” de 1995. Pelo menos não o fazia no formato canção convencional. Não que “Trees Outside The Academy” seja um disco convencional. Longe disso. É sobretudo um disco de um quarentão maduro, que já passou por muito, e que decidiu agora juntar alguns compinchas e compor 12 temas que vivem para além do universo sónico que impregna a vida desta personagem afável e que por acaso é um ícone do rock dos últimos 25 anos.

A base do disco foi gravada por Thurston numa guitarra acústica (é verdade...) e num baixo, compondo o ramalhete Steve Sheley (quem mais?) na bateria e Samara Lubelski (MV EE and The Golden Road, Hall of Fame...) no violino. Aliás, a guitarra acústica e o violino são de facto os elementos mais marcantes do álbum, mas não só. Também são marcantes os instrumentais experimentais (“American Coffin” e “Free Noise Among Friends”) e os instrumentais épicos (“Off Work”, “Trees Outside The Academy”), assim como todos os inevitáveis convidados. A começar por JMascis (Dinosaur Jr), com os seus solos inconfundíveis e com seu estúdio (que também é a sua casa), onde “Trees Outside The Academy” foi gravado em tom familiar. Segue-se John Agnello nas gravações e nas misturas, que por acaso é o produtor de sempre dos Dinosaur Jr. E não podemos esquecer a voz angélica de Christina Carter (Charalambides), que coloca ainda mais este disco nas nuvens (“Honest James”). Há ainda Andrew Macgregor (aka “Gown”), que dedilha aqui e ali umas cordas, John Moloney (Sunburned Hand of The Man), que se senta no lugar de Shelley para um dos momentos mais altos de todo o disco (o cru “Wonderful Witches”), e o noise-maker Leslie Keffer, que empresta os seus préstimos num interregno a descobrir no meio de “Off Work”.

O resto do disco, senão mesmo todo o disco, é dominado pelo lirismo encantado de Thurston Moore (“Frozen Gtr”, “The Shape Is In A Trance”, “Silver>Blue”, “Never Light”, “Fri/end”), que revela mesmo um pouco do seu passado adolescente na performance teatral áudio aos 13 anos que compõe o último tema do álbum, e que é resultado de uma K7 encontrada pela mãe do músico. O que nos remete para o início deste texto: estamos mesmo perante o disco de um quarentão que está a envelhecer bem como poucos, e que se mantém fiel à energia que o continua a manter jovem. A mesma energia que se sente na recente reedição do seminal “Daydream Nation” de 1989 e no já referido “Rather Ripped “ de 2006. E que se vai continuar com certeza a sentir por muitos e bons anos.

Obrigado Thurston por marcares a minha existência desde que me lembro de ouvir música com ouvidos de gente. Continuas a ser o maior...

Sem comentários:

 
Directory of Music Blogs Blog Directory Add to Technorati Favorites