30/09/2007

The Sea and Cake "Coconut"


Mais um video do último disco dos The Sea and Cake. Mais uma etapa antes do muito aguardado concerto na ZDB em Outubro. Mais uma forma de (ultra)passar agradavelmente um domingo triste e chuvoso.

29/09/2007

É tão simples ser bom...


Os Akron/Family, que têm criado alguma da música mais impactante deste princípio de século, e que deram um dos mais fascinantes concertos da minha vida o ano passado no Music Box, não páram e ainda bem para os nossos ouvidos. Em pouco mais de 3 anos já contam com 3 álbuns em nome próprio, um a meias com os Angels of Light de Michael Gira (o mentor) e mil e uma colaborações. Este post serve precisamente para celebrar o mais recente registo, “Love Is Simple”, onde mais uma vez fica demonstrado que, do mais intimista e harmonioso ao mais sónico e estridente, tudo é possível na música dos Akron/Family. E apesar das dissonâncias e altos e baixos que marcam maravilhosamente todos os discos da banda, a coerência é impressionante. De facto a sintonia entre os 4 músicos é própria de uma família que se conhece mutuamente desde sempre e que tem por único objectivo fazer da música uma festa. E parece tão simples como o prova este "Don't Be Afraid, You're Already Dead”, um dos pontos altos de “Love Is Simple”.

28/09/2007

Há 10 anos em Jajouka...


Foi precisamente há 10 anos que tive a felicidade de me cruzar pela primeira vez com a música dos Master Musicians of Jajouka. Felicidade ainda maior porque esse cruzamento aconteceu precisamente na aldeia de Jajouka, numa viagem inesquecível com o camarada Carlos Andrade. Desde então voltei lá mais uma vez para assistir ao festival de música pagão mais extraordinário da minha vida, para além de Marrocos ter conquistado um lugar especial no meu coração e nos meus 5 sentidos, porque de facto aquele país é extremamente sensorial.

No sentido da audição, para mim Marrocos são os Master Musicians of Jajouka, que para além de ter estado em “casa” deles, já os vi por cá na Culturgest e em Sines. Uma experiência que aconselho a todos e que se pode resumir numa única palavra, mas cheia de sentidos: transe.

O video que aqui vos trago passa um pouco da magia imensa da música de Jajouka. E é com enorme orgulho que posso dizer: eu estive ali e vivi aquela experiência!

27/09/2007

Hasta Siempre Robert Wyatt


Um dos maiores mestres vivos da música, a par de Tom Waits, está de volta e cada vez mais em forma. Depois do brilhante “Cuckooland”, Robert Wyatt conduz uma “Comicopera”, que conta na orquestra com nomes grandes da sua geração, como por exemplo Brian Eno e Paul Weller.

“Comicopera” é Robert Wyatt cada vez mais sofisticado, cada vez mais conceptual, cada vez mais intimista e, por isso mesmo, cada vez mais cosmopolita. Com mudanças de tom a cada tema, mas sempre com uma calma idílica que nos transporta para o reino dos sonhos. Para quem acredita em fadas e afins, Robert Wyatt é o mago da música contemporânea, com dotes de bardo e com uma magia maior que o mundo.

Um exemplo da genialidade deste senhor sexagenário é a versão de Hasta Siempre Comandante , a prova de que Wyatt há de ser um revolucionário musical até à morte, que se espera que ainda venha longe.

26/09/2007

Jesus Lizard and Ministry meet in U.S.S.A

Já falei deles aqui há uns tempos, mas agora já é oficial o primeiro disco de originais dos U.S.S.A. ("The Spoils"), o novo projecto de Duane Denison, ex-Jesus lizard e actual Tomahawk, e de Paul Barker, ex-Ministry. Power-rock e nu metal com muita intensidade e energia, como se pode ver e ouvir nos videos "Dead Voices" e "Cruel Beauty".


24/09/2007

Nick Drake - Day is Done

Depois de um dia intenso de trabalho, sabe bem regressar a casa, à família e a uma música que nos faça sentir bem depois de tudo...

21/09/2007

Ananana #4: The Dead C - "Future Artists"


Se os Sonic Youth são os mestres do noise sónico do hemisfério norte, os Dead C são os do hemisfério sul, mais concretamente da Nova Zelândia. Compostos por Bruce Russell (guitarra), Michael Morley (guitarra e electrónica) e Robbie Yeats (bateria), os Dead C são uns ilustres desconhecidos desde 1986, o que os tornou alvo de um culto acérrimo, nomeadamente dos acima mencionados Sonic Youth, sobretudo a partir do muito celebrado álbum de 1992, "Harsh 70's Reality". Este estatuto de culto acentuou-se com a raridade dos concertos da banda fora da Nova Zelândia. Só tocaram pela primeira vez nos EUA em 2002, no All Tomorrow Parties, a convite dos Sonic Youth (mais uma vez...), e na Europa em 2004.

Este ano, depois de um interregno de 4 anos e de uma extensa discografia culminando numa compilação de 18 anos de história, simbolicamente intitulada "Vain Erudite and Stupid: Selected Works 1987-2005", os Dead C regressam ao mundo dos vivos com um novo disco. Um álbum revelador de uma certa maturidade, querendo com isto dizer que o experimentalismo se sobrepõe ao noise, talvez porque a electrónica, os samples e os drones são cada vez mais frequentes na sua música. Para uns, a utilização destes novos elementos pode parecer um desvirtuar do lo-fi que fez dos Dead C um ícone do noise-rock contemporâneo. Para outros poderá ser um sinal dos tempos e de que ninguém pode, nem deve, ignorar a inovação.

A verdade é que a electricidade continua a ser o principal tónico da música dos Dead C, talvez com mais estática e menos feedback. Mas certamente não é agora, com mais de 20 anos de experiência e provas dadas, que eles vão receber lições de moral de ninguém. Porque se hoje podemos ter Wolf Eyes, Sightings ou Mouthus - só para referir alguns e sem qualquer demérito para todos eles -, aos Dead C vamos tê-los para sempre. E as 5 longas esculturas sonoras de "Future Artists" representam o caminho que estes neo-zelandeses escolheram para trilhar as suas dissonâncias, com os 17 minutos de obscuridade eléctrica de "Eternity" a marcar o compasso. Tudo razões para crer que existe futuro para os Dead C.

Disco disponível na Ananana
The Dead C
“Future Artists”
2007 – Ba Da Bing!

20/09/2007

The Stax Story – uma boa história vale sempre a pena contar


A história da lendária Stax Records é a história do melhor soul, blues e gospel que alguma vez a América produziu. É a história dos turbulentos anos 60 e 70, de Memphis, Tennesse, e do ponto mais alto do black power. É a história de Carla Thomas, Otis Redding, Booker T, Rufus Thomas, Isaac Hayes, Sam & Dave, The Bar-Kays, Shirley Brown, William Bell, etc., etc., etc. É uma história feliz com um final triste, a que se pode assistir, com toda a alegria, no DVD "Respect Yourself: The Stax Records Story" e na caixa de 4 CD's e mais de 4 horas de festa "The Stax Story". Porque também eu gosto de pensar, como o cantaram um dia Sam & Dave, "I'm a Soul Man".

18/09/2007

Quem adivinha?

Esta é difícl. : quem adivinha quem é o cromo que aparece no último teledisco de Kanye West? É inacreditável, mas é verdade (tanto o Escape From Noise falar de Kanye West, como o dito cromo aparecer num video de Kanye West).

17/09/2007

My lady of rock'n'roll

Desde o primeiro disco, já lá vão 15 anos, que acompanho a carreira musical de PJ Harvey e desde sempre a tive como a minha raínha do rock. Uma mulher que muito para além da imagem soube cultivar um estilo musical muito próprio, que a levou a ser admirada e considerada pelos seus pares.

Daí que ter de esperar quase 4 anos por um novo disco da senhora seja algo difícil de suportar. Mas quando menos se espera eis que o dityo disco novo surge e também quando menos se espera, a senhora coloca de lado as vestes negras e a guitarra que a endeusaram e, qual anjo branco, sobrevoa os nossos espíritos com uma obra curta, simples, intimista, sincera, ao piano e com um fato com certeza sacado da arca velha da avó.

Confesso que o disco, de seu nome "White Chalk", soube a pouco à primeira, talvez por, confesso, sentir falta das guitarradas e das idiossincrasias a que PJ Harvey nos habituou ao longo dos anos. Mas também é verdade que este "White Chalk" se vai entranhando a cada audição e que é um excelente disco para aqueles fins de dia em que o (bom) cansaço pede uma bebida espiritual fresca e uma música reconfortante.

"The Devil", que se pode ver e ouvir aqui, é o fantástico tema de abertura do ábum.

14/09/2007

I Believe When I Fall In Love With You It Will Be Forever

Amanhã, dia 15 de Setembro, tenho o prazer de comemorar 10 anos de namoro e 8 anos de vida concubinal. Como vou estar com certeza a pensar noutras coisas que não em blogs e afins, fica aqui hoje uma apaixonada homenagem à minha musa Carla, com um maravilhoso tema de Stevie Wonder de 1972 (quando o homem ainda sabia o que estava a fazer), que exprime na perfeição aquilo que sinto por ti. Obrigado por tudo aquilo que já vivemos e por tudo o que ainda vamos viver. I believe...

13/09/2007

The Seedling by Bonnie Prince Billy

I said it once, and I say it again: I love this man...

11/09/2007

Extra Golden

Depois de um delicioso disco de estreia ("Ok-Oyot System"), onde o rock americano combina na perfeição com o benga africano, criando um verdadeiro álbum de world music para ouvir pela estrada fora, e depois do fim anunciado deste projecto verdadeiramente afro-americano com a morte do cantor/guitarrista Otieno Jagwasi em 2005 (mais uma vítima africana da Sida...), eis que os Extra Golden ganham uma nova vida como também cantor/guitarrista, e também queniano. O resultado é um segundo disco, de seu nome "Hera Ma Nono". E como se pode ver pelo video promocional, a festa continua...



A história da banda, pela pena de Alex Minoff, um dos mentores do projecto do lado americano, pode ser lida aqui.

10/09/2007

Trabalho novo, música nova

Para comemorar o salto para uma nova empresa e uma nova aventura profissional, nada melhor do que uma nova descoberta musical: os Circus Devils de Robert Pollard (quem ainda se lembra dos Guided By Voices?), Todd Tobis e Tim Tobbias. Completamente fora, como eu gosto...

07/09/2007

It’s Awesome!

Os Awesome Color são um power trio com apenas 9 meses de idade, mas que rocka como quem o faz e sabe fazer há muitos anos. Derek Stanton assume o leme da banda, com uma voz intensa, mas sobretudo com uma guitarra tão potente que desafia a corrente eléctrica a cada riff e que explode em inúmeros solos poderosos. O baixo de Michael Troutman faz a cama à guitarra e deixa-a voar. A bateria de Allison Busch marca o compasso com uma batida seca e sincopada, cheia de pratos. O todo produz aquele rock que vai beber à mesma fonte dos anos 70 onde bebem os Comets On Fire, se bem que menos ácidos, mas igualmente energéticos. Uma energia que presta reverência a Black Sabbath e a Jimi Hendrix que só podia ganhar expressão na Ecstatic Peace!, a editora de Thurston Moore, que apadrinha este primeiro disco como o produtor e primeiro entusiasta da banda. São 35 minutos que deixam água na boca, o que só pode ser um bom sinal, onde apetece destacar a harmónica no estridente “Unknown” e o duelo saxofone-guitarra no épico inebriante a fechar o álbum que é “Animal”. Se bem que nenhum dos outros 6 temas fique atrás. Segundo diz quem já teve o privilégio, o nome Awesome Color ainda faz mais sentido como metáfora de “jam session” quando se assiste ao fenómeno em um concerto, onde os 35 minutos referidos são largamente ultrapassados e podem ir até onde estes três músicos quiserem.

Disco disponível na Ananana
Awesome Color
“Awesome Color”
2007 – Ecstatic Peace!

Cuidado! O sol queima...

Os Sunburned Hand of the Man são oriundos do Massachusetts, mas assentam arraiais em Boston. Com 10 anos de existência, críticos e fãs consideram-nos um dos principais alimentadores do revivalismo folk americano, na senda de “bandas-irmãs” como Jackie-O Motherfucker, Tower Recordings e No-Neck Blues Band. Se bem que o som dos Sunburned, muito mais do que free-folk é noise puro e duro e queima, como o próprio nome indica. Eles próprios consideram-se uma banda no sentido mais lato do termo, assumindo-se mais como um colectivo de músicos freaks. O alinhamento muda não só a cada disco, mas também a cada concerto. A discografia é extensa, quase impossível de acompanhar, com inúmeras edições em CD-R, e o objectivo de cada edição é dar mais um passo a caminho do infinito poder da experimentação com o noise. Em 2001 assistiu-se a um ponto alto na música dos Sunburned com “Jaybird”, e em 2003 veio o devido o reconhecimento, com a respeitável revista Wire, habituada a criar tendências, a oferecer-lhes a capa debaixo do deveras apropriado título “New Weird America”. Em 2007 chega um novo disco denso e turtuoso dos Sunburned, com selo da Ecstatic Peace! de Thurston Moore. O título do disco resume-se simbolicamente à letra “Z”. Os nomes (?) das músicas (?) são compostos por combinações do símbolo infinito. A única coisa que se pode ler no CD é a expressão “no way out”. Três indicadores claros de que ouvir Sunburned é uma experiência sensorial sem limites. Não se devem procurar aqui estruturas definidas e perceptíveis e muito menos canções. Mas podem-se fazer grandes viagens, que também podem dar a volta ao estômago aos mais desprevenidos, e “Z” é mais uma das muitas que os Sunburned Hand Of The Man proporcionam a quem queira embarcar num universo onde o noise impera. As palavras de John Moloney, um dos principais mentores dos Sunburned dizem tudo (ou nada): “Z is about infinity and the double dimension we all live in yet don't fully understand. Z is the sound of that feeling you get when you think you're being watched or followed by the omnipotent one. Z is for believers and followers of the "Ecstatic Truth" that fuels this mysterious universe. Z has always existed and here is is as remembered and transfered solid by the people under the sun, the Sunburned..”.

Disco disponível na Ananana
Sunburned Hand of the Man
“Z”
2007 – Ecstatic Peace!

04/09/2007

The Sea and Cake "Crossing Line"

Porque ainda é Verão e o calor pede o pop urbano elegante e refrescante dos The Sea and Cake e porque eles vêm cá no dia 27 de Outubro à Zé dos Bois e porque este é o último video da banda.

02/09/2007

James Jackson Toth / Wooden Wand


A par do rock puro e duro, mais ou menos garageiro, mais ou menos sónico, mais ou menos psicadélico, o country-folk rock é uma das vertentes que mais me entusiasma. Na origem desta paixão declarada estão Will Oldham/Bonnie Prince Billy, Papa M/David Pajo, Kurt Wagner/Lambchop, Smog/Bill Callahan, David Berman/Silver Jews, Anomoanon/Ned Oldham, Alasdair Roberts, Vetiver/Andy Cabic, Arbouretum, Devendra Banhart, William Elliott Whitmore, Sue Garner, Eleni Mandell, Freakwater, etc., etc., etc...

Apesar da lista já não ser curta, fico sempre feliz quando descubro uma nova estrela para a companhia, mesmo que ela já exista no firmamento há algum tempo, como é o caso que vos trago aqui, James Jackson Toth dos Wooden Wand. Quando eram acompanhados pelos Vanishing Voice, os Wooden Wand aproximavam-se mais do psych-folk. Com o acabado de sair “James & The Quiet” (Ecstatic Peace), James Jackson Toth afasta-se das suas origens mais obscuras, assume os Wooden Wand por si só, convida os Sonic Youth Lee Ranaldo e Steve Shelley, dá prioridade à guitarra acústica, entra em dueto com a sua mulher Jessica Toth (e que bem ficam os duetos homem/mulher neste tipo de música...) e cria um um disco na melhor tradição do songwriting dyliano. Quente. Intenso. Hipnotizante. Inebriante. Tranquilo. Curto. E bom, mesmo muito bom... Quem quiser comprovar é só ouvir In A Bucket e apaixonar-se.

 
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