31/12/2006

15 desejos musicais para 2007

1. Ver Tom Waits ao vivo, em Lisboa ou em qualquer canto obscuro do mundo.
2. Rever os Sonic Youth ao vivo. Tenho saudades...
3. Rever o Nick Cave, mas agora em formato Grinderman - «Let rock in».
4. Ver um concerto de qualquer umas das bandas que me aguçou o apetite pelo noise-rock pesado em 2006: Pelican, Red Sparowes, ISIS, Cult of Luna, Jesu, Boris, Sunn O. E que tal todos juntos?
5. Ver o «one and only» Bobby Conn, mas desta vez com banda completa.
6. Que os Butthole Surfers voltem a fazer um grande disco - esta é difícil, eu sei...
7. Que o Devendra Banhart se deixe de brasileirices e freakalhadas e volte à magia negra dos tempos da Young God Records de Michael Gira.
8. Que o Jim O'Rourke volte aos grandes discos a solo. Já lá vão 5 anos desdes o maravilhoso «Insignificance».
9. Ver mais concertos de jazz: por exemplo Mark Feldman. Ou então Ken Vandermark, em qualquer uma das suas encarnações. Que tal Bridge 61, senhores do Jazz em Agosto?
10. Que voltem a haver concertos memoráveis como os dos Comets On Fire, Vetiver, Yo La Tengo, Lambchop ou Mandarin Movie.
11. Que os portugueses sejam mais criteriosos e saibam aplaudir o que é bom e apupar o que é mau. E Cat Power foi mesmo mau.
12. Que acabem de vez com os festivais de Verão e os concertos por atacado. Só Paredes de Coura faz algum sentido.
13. Que a Super Bock tenha vergonha na cara e mude o nome do seu festival: chamar àquilo Super Bock Super Rock é uma calúnia ao rock.
14. Que a minha mulher e eu voltemos a viver uma noite musical única como a que vivemos em Paredes de Coura em 2003 com Yeah Yeah Yeahs e PJ Harvey. Os Vetiver na ZDB andaram lá perto.
15. Que a minha filhota continue sempre a gostar de rock. Havemnos sempre de ter os White Stripes, os Yo La Tengo e a PJ Harvey.

24/12/2006

Have yourself a merry little christmas

Quem melhor que o grande Frank Sinatra para desejar a todos Feliz Natal: Have Yourself A Merry Little Christmas

21/12/2006

Contrastes Natalícios 3 - Almirante Bobby Conn

Já anda pelos meus ouvidos o rokceiro, politicamente incorrecto e magnificamente corny «King for a Day», do one and only Mr. Bobby Conn. Ainda de férias, decidi experimentá-lo a partir da Estrela, descendo a S. Bento, subuindo ao Camões, descendo o Chiado, atravessando o Rossio e o Martim Moniz, e subir a Almirante Reis até à Estefânia. Com muito frio e ainda mais sol. Ponto alto: nos Anjos, em frente à sopa dos pobres, no meio de uma pequena multidão de pessoas sem-abrigo, ao som do tema «A Glimpse Of Paradise». Será que irão alguma vez ser reis, nem que seja por um dia?

20/12/2006

E mais não-sei-quantas, não tão excelentes, mas igualmente boas - sem qualquer tipo de ordem

Sun Awakens - Six Organs of Admittance
Get Evens - The Evens
Meek Warrior - Akron Family
Mr. Beast - Mogwai
The Letting Go – Bonnie Prince Billy
The Brave And The Bold - Tortoise and Bonnie Prince Billy
Damaged - Lambchop
Faun Fables - Transit Rider
There To Here - Joe Lally
Mandarin Movie - Mandarin Movie
Spritual Unity - Marc Ribot
Introduction - Red Krayola
In The Absence of Truth - ISIS
Broken Boy Soldiers - The Racounters
Return To Cookie Mountain - TV On The Radio
Drums Not Dead – Liars
Fab Four Suture – Stereolab
Up Above – Town & Country
Current 93 – Black Ships Ate The Sky
The Rose Has eeth In The Mouth Of A Beast – Matmos
Roots & Crowns - Califone

10 excelentes razões para não esquecer 2006


1968 - Pajo
Orphans - Tom Waits
A Lazarus Taxon - Tortoise
Avatar - Comets on Fire
Ok-Oyot System - Extra Golden
Born Again In The Usa - Loose Fur
Every Red Heart Shines Toward The Red Sun - Red Sparowes
Rather Ripped - Sonic Youth
To Find Me Gone - Vetiver
Joana Newsom - Ys

Contrastes Natalícios 2 - Tom Waits em Lisboa

Vaguear pelas ruas de Lisboa, da Gulbenkian à Estefânia, numa quarta-feira de férias, às 15h, a ouvir o novo triplo Tom Waits.

And I'm lost
And I'm lost
I'm lost at the bottom of the world
I'm hand cuffed to thye bishop and the barbershop liar
I'm lost at the bottom of the world

Contrastes Natalícios 1 - Sonic Amadeo

Visitar a exposição «Diálogo de Vanguardas» dedicada a Amadeo de Sousa Cardoso na Gulbenkian em Lisboa sózinho, ao som de Sonic Youth - The Destroyed Room: B-sides and Rarities. Uma viagem...

14/12/2006

Trans Am mudam de sexo


Depois de 8 anos de actividade incansável, com 8 discos editados entre 1996 e 2004, os Trans Am fizeram um merecido interregno. Mas o que é bom nunca acaba, e eis que se anuncia um novo disco para o início de 2007, de seu nome "Sex Change". O sexo até pode mudar, mas a força dos Trans Am continua a mesma, entre o krautrock, o hardrock e o electrorock. Piroso? Não, poderoso. E muito. Um disco que podia ter o título "This is the story of Trans Am". O que significa que tem a electrónica que marcou os mais recentes discos da banda, sobretudo "TA" e "Liberation", mas volta a vibrar com toda a força como o fizeram tão bem em "Surrender to the Night" e "The Surveillance" (e ainda bem porque é disto que eu mais gosto nos Trans Am). Aqui fica uma amostra de "Sex Change" e uma mensagem de apreço a uma banda que descobri logo no primeiro disco e cujo regresso hei-de sempre saudar: Triangular Pyramid. Deixo ainda uma mensagem de esperança de que que os rapazes voltem a Lisboa para o ano, porque já estou a precisar de sentir ao vivo outra vez a poderosa energia deste trio de Washington, depois de ter estado no mítico concerto da ZDB (sempre aos saltos) e do incendiário concerto da tourné dos 10 anos da Thrill Jockey no Garage.

13/12/2006

Nick, o Amolador


Nick Cave já pode andar por aí há muitos anos, mas a verdade é que o homem lá vai conseguindo ser novidade. E em 2007 prepara-se para regressar com uma das grandes. Os Bad Seeds vão entrar em pousio e entram em cena os Grinderman. Qual é a diferença? Não é uma mas várias. A primeira está no alinhamento da banda: Cave himself, Warren Ellis, Martyn Casey e Jim Sclavunos. É verdade, Mick Harvey fica pela primeira vez de volta. A segunda, e talvez a maior, está em que Cave empunha, e em grande estilo, a guitarra eléctrica, que aliás surge como o instrumento mais marcante. A terceira está no som produzido. Pelo menos parte dele, já que se os três primeiros temas (Get it On, No Pussy Blues e Electric Alice/Grinderman) me deixaram estarrecido pelo poder e pela electricidade a que a memória dos Birthday Party não é alheia, nem a figura de Blixa Bargeld, os três seguintes (Chain of Flowers, Don't Set Me Free e Decoration Day) trouxeram-me de volta à terra e à realidade Bad Seeds e fizeram temer o pior. Não que os Bad Seeds sejam maus, nem estes três temas, longe disso, mas uma banda nova do Nick Cave pede algo novo que estes três temas não cumprem, ao contrário dos primeiros. Mas eis que o sétimo e o oitavo temas (Love Bomb e Honey Bee) voltam a colocar o disco nos eixos, para o nono (Man on the Moon) voltarmos de novo aos Bad Seeds. Como os altos e baixos são a única constante do ábum de estreia dos Grinderman, há ainda tempo para temas que fazem a diferença (Go tell the Women) e outros que podiam estar no próximo Nick Cave and the Bad Seeds (Vortex e Rise), para acabar tudo como começa, com uma versão diferente(?) de Get it On.

Aquele que parece vir a ser o single de estreia (No Pussy Blues) é uma excelente amostra da energia que os Grinderman têm para oferecer (até promete moxe num eventual concerto que eles dêm por cá), mas também poder ser enganador quanto ao resto do álbum, que tem no seu todo tem a qualidade a que Cave nos habituou desde sempre, mas que também pode desiludir quem se entusiasmar, como eu me entusiasmei, com as três primeiras canções.

The Soaked Lamb: it's the blues...


O projecto chama-se The Soaked Lamb. A inspiração anda entre uma Billie Holiday e um Tom Waits, com muito rockabilly blues pelo meio. É a música dos amigos Maria João e Miguel Lima que começa agora a sair do forno, mas a que ainda falta o tempero final: a edição em disco.

Aqui fica o alinhamento da banda:
Vocals Mariana Lima
Guitars, Ukulele, Vocals And Blues Harp Afonso Cruz 
Double Bass Luís Alvoeiro
Piano And Organ Vasco Condessa
Sax Alto Tiago Albuquerque
Drums And Percussions Miguel Lima

E aqui ficam duas músicas para aguçar o apetite por este cordeiro delicioso:
Doomed to Heaven
Color Blues

Podem ainda visitá-los aqui: Soaked Lamb

Editoras avancem!

11/12/2006

Lambchop - Um concerto muito bem passado


Os Lambchop voltaram a estar em grande. Outra coisa não seria de esperar, mas de facto vi os três concertos que a banda de Kurt Wagner já deu em Lisboa nas tournés de "Is a Woman" (2002), "Aw C'mon/No You C'mon" (2004) e "Damaged" (2006) e se há alguma coisa em comum entre eles é a intensidade, a qualidade, o profissionalismo, a entrega e a alma que os Lambchop expõem em palco. As grandes novidade de ontem foram: a primeira-parte (ou introdução ao concerto) dos Hands Off Cuba (muito interessante); as bolas gigantes em cima dos músicos onde foram projectadas imagens fotográficas e videográficas e que contribuíram em muito para a sensação de espectáculo completo, muito mais do que um simples concerto; a apresentação dos músicos da banda feita musicalmente por Tony Crow; a fantástica versão de "This Corrosion" dos Sisters of Mercy, onde Wagner quase se leventou da cadeira!!! No todo, foi-nos servido um espectáculo muito bem passado, que começou e foi durante grande parte do tempo cozinhado naquele lume brando que nos embala como mais ninguém o sabe fazer, mas que acabou em apoteose, com Wagner a dar autógrafos no hall de entrada da Aula Magna.

Apesar de todas estas maravilhas, o ponto alto, pelo menos para o Kurt Wagner, foi sem dúvida nenhuma a fotografia que tirou na minha companhia e da minha irmã, e que vai de certeza ficar para a história dos Lambchop...

07/12/2006

Mogwai - Mr. Zidane

2006 é definitivamente o ano Mogwai. Depois do muito aguardado e celebrado disco de originais Mr. Beast, onde "Friend of the Night" é já um clássico, está prestes a rebentar uma combinação explosiva da banda escocesa com o futebolista Zidane. O filme/documentário promete, não só pela personagem mas sobretudo pela forma diferente de ver futebol, e mais ainda pela magnífica banda sonora: etérea, mística e perturbante como só os Mogwai poderiam criar. Aqui fica o trailer, uma pequena amostra do que se vai ver e ouvir já no início de 2007.

06/12/2006

Tom Waits - Lie To Me

Aqui vai, especialmente dedicado a quem ficou orfão e ainda não conseguiu comprar o novo Tom Waits: o video do primeiro tema do primeiro disco e de primeira qualidade.

Um cometa aterrou em Lisboa

Bem sei que já passou e não é notícia recente. Mas como este blog acabou de sair o forno, tenho de falar, nem que seja um bocadinho, do mais fabuloso concerto de rock/noise/trash/explosion/etc. que os fabulosos Comets on Fire deram em Lisboa, na Zé dos Bois, no passaado dia 13 de Outubro. Numa palavra: inesquecível. Numa teoria: a prova de que é possível torcer e distorcer o rock ao ponto de quase rebentar com os tímpanos, sem nunca perder o sentido de canção. Brilhante! Energia em estado puro. Até houve direito a moxe (tímida, mas não deixou de ser moxe...) No final, o vocalista/guitarrista Ethan Miller teve mesmo de pedir para nos irmos embora porque a banda não aguentava mais. O que era claramente visível. Conclusão: suar as estopinhas às vezes é bom.

Para quem não esteve, não há imagens, mas há este clip de um concerto em Dublin desta mesma tourné, que demonstra aquilo que se viu e ouviu na ZDB.

05/12/2006

Do you remember Fugazi?

Os Fugazi foram (provavelmente ainda são, mas estão em banho maria) uma das melhores bandas de punk-rock-hardcore de todos os tempos. Há por aí alguém que tenha tido a sorte (eu tive!!!) de estar no maravilhoso concerto que eles deram no Garage em Lisboa, para aí em 1995? Isto para dizer que se a banda está em pousio desde 2001, os seus membros continuam activos e deixo aqui dois projectos que vale mesmo a pena descobrir:
. The Evens, com Ian McKaye (vocalista e guitarrista dos Fufgazi) na guitarra e voz e Amy Farina na bateria e voz - já contam com dois discos fantásticos: "The Evens" (2005) e "Get Evens" (2006)
. Joe Lally, o baixista dos Fugzai a solo, com "There to Here" (2006)
Tudo na Dischord, a mítica editora dos mentores dos Fugazi.
Ambos os projectos têm uma grande diferença face ao projecto-pai: exploram vertentes mais calmas e introspectivas, mas não menos entusiasmantes. Será da idade?

Cat Power - Concerto Vadio

As expectativas eram muitas para muita gente. Para mim confesso que não eram particularmente, porque não sou grande fã. De qualquer maneira tenho de dizer que o concerto de Cat Power ontem à noite na Aula Magna foi um verdadeiro flop: a banda era fraca (muito fraca); a artista tem mais trejeitos e maneirismos que outra coisa, chegando mesmo ao ponto da irritação; o som estava uma verdadeira desgraça (e não foi culpa da sala mas dos técnicos). Realmente, pagar 23 euros para ver um check sound em vez de um concerto é grave. Parece que a senhora em vez de fazer o check sound como deve de ser foi fazer compras em Lisboa (lá exibiu os seus ténis novos comprados cá no burgo, observação que mereceu um farto aplauso...). No fim de um concerto monótono, em que metade da coisa pareceu sempre a mesma música, nem sequer houve encores, mas a ovação foi geral e de pé. Confesso que não compreendo como é que em Portugal as pessoas comem tudo o que vem lá de fora. Há que saber separar as águas e ser justo. De facto, "The Greatest" é um grande disco. Mas ao vivo deixou muito a desejar. Pelos menos para mim, a partir de agora, Cat Power só mesmo em disco.

Kurt Wagner / Lambchop - Homem Simples / Música Universal

Alentejo. Planície. Agosto. Uma entrevista aquecida pelo calor intenso do Verão. O mesmo calor que se ouve na afável e atenciosa voz de Kurt Wagner, que vamos ter o prazer de ouvir e sentir pela terceira vez em Portugal, em Dezembro próximo. O mesmo calor que a música dos Lambchop transmite no mais recente e (mais uma vez) brilhante álbum “Damaged”. Conclusão: a banda já atingiu o estrelato, mas o seu mentor continua a ser um homem simples. Long live Kurt Wagner.

Quando ouvi “Damaged”, a primeira coisa que me chamou a atenção foi o regresso dos Lambchop à intimidade e melancolia do maravilhoso “Is A Woman”. Esta suavidade tem alguma coisa a ver com os complicados problemas de saúde que, segundo ouvi dizer, o perturbaram nestes dois últimos anos?
Sim, em parte sim. Há de facto uma certa melancolia como acontecia em “Is A Woman”. Mas uma melancolia que não tem necessariamente a ver com doenças. O clima, o mau tempo, tudo isso me influencia. Tudo pode ser resultado de tudo um pouco...

De qualquer maneira, hoje já está livre da doença que o apoquentou?
Sim, felizmente.

Continuando com “Damaged”, neste disco a música dos Lambchop parece atingir um estado de universalidade, muito para além da prateleira country onde muitas vezes são colocados. Isto é um objectivo, ou é apenas Lambchop?
Creio que é a evolução natural dos Lambchop. Curiosamente, estamos cada vez mais coesos enquanto banda, mas somos cada vez mais individuais no som que produzimos. Não diria que é uma estratégia concertada, mas parece-me que é de facto a melhor forma de evoluir. É provavelmente a maturidade (risos)...

Como é que lida com o sucesso crescente dos Lambchop? O site Allmusic.com diz que vocês são sem qualquer dúvida a banda americana mais consistentemente brilhante e única a emergir na década de 90.
Antes de mais é muito bom ouvir falar assim de nós próprios. Quer dizer que estamos a chegar a algum lado. Mas, no meu caso pessoal, é um bocado assustador (risos). Nunca sonhei chegar onde cheguei com os Lambchop. É aquele tipo de sonho com o qual não ousamos sonhar. E depois vem a realidade e bate-nos à porta... Ainda ando a aprender a lidar com isso.

Acha que o sucesso dos Lambchop é maior na Europa ou nos EUA?
Parece-me que temos mais sucesso na Europa, tanto comercial como artisticamente.

Porquê?
Talvez porque a nossa música é muito americana (risos).

Como reage ao facto de já haver quem faça versões de músicas dos Lambchop? Estou a lembrar-me por exemplo da versão de David Byrne de “The Man Who Loved Beer”, Já a ouviu?
Ouvi e gostei muito . Para um “songwriter” não há maior alegria do que ouvir outra pessoa a cantar a nossa música. E ainda por cima o David Byrne, de quem sou fã há muitos anos.

Em 2003, numa iniciativa do Festival de Cinema de São Francisco, os Lambchop foram convidados para tocar ao vivo durante a projecção do clássico do cinema mudo, “Aurora” de Murnau. Fale-nos um pouco desta experiência.
Para além do convite, que nos deixou a todos lisonjeados, foi uma grande experiência. Proporcionou-nos um tipo de disciplina que nunca tínhamos tido. Quando tocamos ao vivo, cada concerto é diferente, porque existe liberdade para isso. Neste caso é completamente diferente. O filme é sempre o mesmo e a música deve obedecer a essa disciplina. De facto aprendemos muito. Foi excelente (NOTA: para os eventuais interessados, existe uma edição francesa em DVD do filme que inclui a música criada pelos Lambchop - www.carlottafilms.com).

Muitas das músicas tocadas durante estas performances acabaram no díptico “Aw C’Mon/ No You C’Mon”.
Sim. Para além de ter sido uma experiência gratificante por si só, também serviu para lapidar muitos dos temas que acabaram nesse álbum.

Está envolvido em algum outro projecto do género?
Do género não, mas devido a esta experiência decidimos incluir filmes na digressão de “Damaged”. As cenas são previamente realizadas, mas são misturadas de acordo com as músicas que formos tocando. As imagens são projectadas em esferas que estão penduradas no tecto e que se movem como se fossem planetas... É um bocado difícil de explicar, mas se for ao nosso concerto em Lisboa vai perceber. Vale a pena ver.

Regressando a “Damaged”, como é que surgem 17 músicos num disco que parece tão simples e etéreo?
Curiosamente, este disco começou com apenas 5 músicos em estúdio, numa atmosfera de intimidade. Aliás, sentimos que as músicas resultavam muito bem nesse formato pequeno de banda. Bem, pelo menos pequeno para os Lambchop (risos). De qualquer modo, apeteceu-me introduzir novos instrumentos e sonoridades à medida que ia tocando as músicas, e para introduzir esses instrumentos e sonoridades são precisos artistas. Daí até chegar aos 17 músicos foi um instante.

O vosso processo de gravação já está definido, ou muda de disco para disco? Quais foram as inovações introduzidas em “Damaged”?
Tentamos sempre melhorar o som de disco para disco, mas as mudanças têm a ver sobretudo com o tipo de canções que estamos a gravar para um determinado disco e as necessidades específicas que elas têm. No caso de “Damaged”, a grande inovação face aos discos anteriores tem precisamente a ver com termos começado com 5 músicos e acabado com 17. Isto é, começamos com um som base definido e fomos adicionando novas coisas ao longo das gravações.

Há muitas cordas neste disco. Porquê esta opção?
Porque eu gosto de cordas (risos)! A verdade é que costumamos recorrer a cordas de tempos em tempos e neste disco as músicas foram escritas com essa ideia em mente.

“Paperback Bible” parece um hino à simplicidade, com muita ironia à mistura, como por exemplo quando diz, “I used to think guns were used for killing people”. As palavra simplicidade e ironia são centrais no seu trabalho?
Esses são dois conceitos que me dizem muito e esta música é de facto reflexo delas. A letra surgiu através da edição de palavras e frases que ouvi num programa de rádio que basicamente falava sobre compras e como o consumismo diz muito sobre a forma como vivemos as nossas vidas hoje em dia. Uma forma simples e irónica de abordar o tema.

Como é que foi escrever uma canção para a Candi Station (“I Would Have Waited Here All Day”), que ela acabou por não gravar?
Lançaram-me o desafio e eu escrevi a música. O produtor não quis arriscar e nós acabámos por gravá-la para este disco. Depois de gravada, esse produtor, que por acaso é um amigo meu, ficou um bocado arrependido, porque a música resultou muito bem. Enfim... Confesso que a música é de facto um bocado estranha e nunca soube se a Candi gostou ou não. Nem sequer sei se ela a ouviu.

Após um caloroso conjunto de 9 temas, chegamos à parte em que as coisas ficam realmente “damaged”. Porquê este fim de disco com “The Decline of Country and Western Civilization”?
Esse tema aparece no final do disco tal como uma panela de pressão que explode no fim. Como o disco é todo mais contido, sentimos necessidade de descomprimir.

Quem é Nathan Forest que o Kurt Wagner odeia tanto neste tema?
Nathan Forest foi um general sulista muito importante durante a guerra civil americana. Além disso foi esclavagista e um dos primeiros líderes do Klu Klux Klan. Uma personagem muito pouco agradável. Há uns anos fizeram uma estátua dele aqui em Nashville que é muito feia, não só pela pessoa que representa, mas também esteticamente. A estátua está numa propriedade privada, mas vê-se do exterior, o que é claramente uma provocação. Nathan Forest representa aquilo que há de pior na América e daí o título da música. É um sinal da nossa decadência colectiva.

Apesar desta demonstração de “ódio” em “The Decline of Country and Western Civilization”, o Kurt Wagner tem alguns heróis?
Tenho, mas os meus heróis são pessoas individuais e desconhecidas do grande público. Os meus amigos, pessoas optimistas e de espírito humano puro...

O que é que gosta mais na América, agora que o seu país está tão mal visto no mundo?
Essa é uma pergunta mais difícil do que parece. Costumam perguntar-me mais vezes aquilo que não gosto na América... Acredito que o problema é que a maioria das pessoas não é representada pelo governo que temos, composto por um grupo de idiotas muito poderosos. O problema é o nosso sistema eleitoral... Mas não estou a responder à sua pergunta (risos)... O que eu gosto na América... Não há assim nada em particular. Eu sou igual aos outros. Gosto do sítio onde nasci e cresci. As pessoas, as árvores, o ar...

Para finalizar, como é que descobriu os Hands Off Cuba? Sei que eles fazem parte da vossa tourné, mas tocam sozinhos ou integrados na banda?
Os Hands off Cuba fazem parte da banda. Foi o William Tyler que os descobriu. O Ryan Norris e o Scott Martin, que também são naturais de Nashville, são muito boas pessoas e têm um som único. São novos e têm o mundo inteiro à frente deles. Ainda nem sequer editaram um disco próprio.

Tive a felicidade de estar nos dois concertos dos Lambchop em Lisboa até à data. O primeiro, com “Is A Woman”, foi muito intimista e arrepiante. O segundo, com “Aw C’Mon” and “No You C’Mon” foi uma enorme festa. O que podemos esperar de diferente da terceira viagem a Lisboa dos Lambchop em Dezembro?
Acho que podem esperar uma combinação das experiências vividas nesses dois concertos. Sinceramente, espero que seja uma noite maravilhosa, mas ainda não posso dizer muita coisa porque ainda estamos em Agosto e o concerto é só em Dezembro. Até lá ainda vamos fazer estragos em muitas outras cidades (risos).


Lambchop
“Damaged”
2006 – Merge Records

Como é que os Lambchop conseguem continuar a ser novidade depois de 20 anos de actividade? Há sem dúvida a personalidade contagiante e a visão musical única de Kurt Wagner, corpo e alma do projecto. Mas também há a música de toda uma banda oriunda de Nashville, Tennessee, que já se tornou ícone do novo country americano. Música que é cada vez menos country e cada vez mais Lambchop. E como é que os Lambchop chegaram a este estatuto de universalidade? Se calhar foi logo de início. “How I Quit Smoking” (1996) já revelava muita da genialidade de um colectivo de músicos que se pode expandir entre 5 e 17 músicos, conforme as ocasiões. “Thriller” (1997) e “Nixon” (2000) foram outros passos decisivos. O épico tema “Up With People” deste último chegou mesmo ao sucesso comercial. O novo milénio trouxe a confirmação, com o maravilhoso “Is a Woman” (2002) e o múltiplo “Aw Cmon / No You Cmon” (2004). A discografia é muito mais extensa e o brilhantismo também. O nono disco, “Damaged”, é apenas a confirmação de um percurso feliz e muito mais. “Damaged” é Lambchop no seu mais melancólico. É Kurt Wagner em versão intimista. É a prova final (esperemos que não...) de que estamos perante música que ultrapassa fronteiras, com viagens pelo pós-rock, pelo soul, pelo R&B e até pelo lounge, continuando sempre a ser profundamente americana. Basta ouvir a abertura (“Paperback Bible”) e o final (“The Decline Of Country And Western Civilization”) para descobrir a pólvora. Os restantes 8 temas que navegam pelo meio completam um disco para ouvir vezes sem conta. Até porque este é daqueles que não entra à primeira, o que geralmente só acontece com os grandes discos. Aqueles que ficam na memoria.

David Pajo - “I’m a poor lonesome musician...”

David Christian Pajo podia ter tudo na música. Tem um passado glorioso por detrás e um futuro auspicioso pela frente. Contudo, continua a trilhar o seu caminho pessoal e solitário. Em entrevista por altura da edição de “1968”, revela-se um americano desencantado que não podia viver noutro pais, porque só na América é que pode viver como músico independente. O sonho continua, tal como parece que o cognome PAJO é para continuar, pelo menos nos próximos tempos. Até porque em PAJO ainda há muito para explorar. E a exploração começa aqui.

PRESENTE

Após um hiato de 4 anos entre “Whatever Mortal” e “Pajo”, em apenas dois anos dois novos discos debaixo de um novo nome artístico. Estamos perante um ressurgir criativo de David Pajo?
Eu estou sempre activo. Durante esse período editei EP’s e CD singles, para além de uma compilação de singles antigos. Além de que muitas das coisas que escrevo e gravo não são editadas.

Primeiro foi M Thirteenth Letter. Depois Aerial M e Papa M. Agora PAJO. Estas “encarnações” são uma forma de mostrar a sua evolução musical?
Sim. São uma forma de delinear diferentes períodos e fases da minha carreira. Gosto de explorar diferentes aspectos da escrita e gravação de canções. Quando sinto que houve uma transição substancial, o nome muda. Mas estou a pensar manter o cognome PAJO nos próximos tempos. Quanto mais não seja porque foi o nome com que nasci...

Então assinar como PAJO significa que já não necessita de um alter ego?
Sim. Pela primeira vez tive coragem para me afirmar por detrás do meu nome e da minha música.

A voz é agora uma constante nos seus discos. Quando é que sentiu a necessidade de incluir vozes na sua música?
Foi quando gravei a minha versão de “Last Caress” no final dos anos 90. Sempre gostei de letras e sempre pensei na música instrumental como se fosse uma narrativa. Apesar disso não quis arriscar revelar a minha nudez interior (risos). Levei algum tempo a perceber que não só gosto de cantar, como essa é a área em que preciso de trabalhar mais.

“1968” parece ser um passo em frente em relação ao anterior “Pajo” e também parece ser a sua afirmação mais completa enquanto escritor, vocalista e guitarrista. Para si, quais são as principais diferenças entre os dois discos?
Fico muito contente por achar isso. Eu não faço ideia do que dizer de “1968”. É difícil para mim olhar para o disco de forma objectiva. Quando o ouço parece-me inacabado. Há tantas coisas que gostava de ter feito e não tive nem tempo nem recursos para o fazer. Mas fico contente que goste dele. Já “Pajo” foi para mim um disco muito desesperado e apaixonado. Num certo sentido, é o disco mais embaraçosamente honesto que alguma vez fiz. Gravei-o quando estava a sair de uma depressão e toca-me particularmente nesse sentido, mas raramente revisito essas canções. “1968” é mais deliberado. Quis fazer um disco menos sentimental e mais abstracto através da combinação de elementos que liricamente não deviam funcionar: letras místicas sufi, entremeadas com letras de bandas de death metal e filmes de terror. Também procurei melhorar a qualidade da gravação e nesse sentido estive mais atento à ciência da engenharia áudio.

Toca tudo neste disco, ou existe alguma banda? Qual é o seu processo criativo?
Eu escrevo, toco e gravo tudo sozinho. Compro e instalo os microfones e defino os níveis sonoros. As canções começam como esqueletos, com guitarra acústica e voz. Os contornos vão surgindo com o tempo. Costumo ter uma ideia muito nebulosa do resultado final, que se vai focando à medida que vou acrescentando coisas.

Em “1968” há terror (“Who’s That Knocking”, “Walk Through The Dark”), serial killers (“Wrong Turn”, “Cyclone Eye”), dramas pessoais (“Foolish King”, “Prescription Blues”), o desespero do amor (“Let It Be Me”) e uma confissão final que dá alguma luz ao todo (“I’ve Just Restored My Will To Live Again”). Porquê este contraste entre temas negros cantados ao sabor de belas melodias?
A música country antiga, como Hank Williams Sr., teve um grande impacto em mim, porque as letras eram pesadas e negras, mas a música era alegre, “uptempo” e até dançável. Por exemplo “My Son Calls Another Man Daddy”. Esse conflito sempre me tocou muito e procuro fazer o mesmo com a minha música. Ao balancear contrastes conseguem-se criar extremos. Se eu usasse as mesmas palavras numa canção de heavy metal não soaria tão assustador, ou bipolar.

Porque é que estes temas lhe agradam?
Faz parte da tradição folk reflectir o lado negro, mas mais do que isso eu quis fazer um disco mais violento e mais masculino no que às letras diz respeito. Eu vejo muitos filmes de terror e gosto de ficção “macho”. Gosto de ver boxe e de ouvir metal. E também leio muita poesia marada. Esta diversidade de influências cria um agradável híbrido de estilos musicais, o que por sua vez cria algo de único.

Esta escuridão tem alguma coisa a ver com o período negro que a América está a atravessar actualmente, não só com Bush e a(s) guerra(s), mas também com a má imagem que os EUA projectam actualmente para o mundo?
Não. A mim só me interessam as politicas do coração. Sempre achei que a América é completamente fodida, por isso as minhas expectativas estão a cumprir-se. Mas também é verdade que não gostava de viver noutro sítio, porque aqui posso sobreviver como músico.

Os americanos migram muito por todo o país. Porque é que sentiu necessidade de sair da sua cidade natal, Louisville? E porquê Nova York como destino?
Eu estou sempre em movimento. Fui para Nova York porque na altura era solteiro e é em Nova York que estão as raparigas mais atrevidas (risos). Actualmente vivo em Columbus, Ohio. Esta necessidade de mudar tem a ver com uma série de circunstâncias e interesses. Eu quero absorver o máximo que puder da América. Cada Estado é um pais.

De regresso à música, onde encontra a sua inspiração? Isto é, quais são as suas musas?
Amores não resolvidos e escuridão. Os suspeitos do costume!

É verdade que tem medo do palco? Tocar sozinho não torna as coisas piores?
Sempre tive medo do palco, mas estou a melhorar. Continuo a não conseguir olhar para a assistência e consumo muita energia quando tenho de o fazer. Todas aquelas “janelas da alma” a olhar para mim. É assustador só de pensar nisso.

Por falar nisso, como são os seus concertos hoje em dia?
Não existem e não dão dinheiro. A oferta não cobre a procura. Por isso, a minha música não tem muita saída. Estou a focar-me mais na minha outra banda, os Dead Child.

Apesar disso, a sua música tem mais saída na Europa ou na América?
Por acaso tem mais saída na Europa. Por alguma razão que desconheço, os europeus percebem melhor a minha música.

FUTURO E PASSADO

Apesar de andar nestas andanças há quase 20 anos e de ter feito parte de projectos como Slint e Tortoise, e de ter tocado com “gurus” como Will Oldham, Billy Corgan, Stereolab e Royal Trux, continua a ser um artista “low profile”. É uma opção ou é mesmo assim?
É mesmo assim. Esquivo-me sempre aos olhares do público e assim é normal que o público me encontre noutro lado qualquer.

Porquê a reunião dos Slint no ano passado?
Simplesmente porque nos fizeram uma oferta generosa para sermos os curadores do festival All Tomorrows Parties em Inglaterra. E para o fazermos apropriadamente tínhamos de dar mais concertos de modo a dar mais consistência ao projecto. Daí uma tourné.

E correu bem?
Correu melhor do que eu alguma vez esperei.

Há alguma hipótese de um regresso dos Slint?
Não faço ideia. Provavelmente depende da procura...

Ouvi dizer que estão a preparar um DVD com os concertos da reunião...
Está em banho maria...

Porquê o final súbito dos Zwan? Foi uma boa ou má experiência?
O Billy deitou tudo a perder quando cancelou a tourné e despediu o Paz da banda. Eu fiquei lixado com ele e nunca mais falámos desde então. No geral a experiência foi fantástica, apesar de ter conhecido algumas pessoas que até a si lhe iam dar vontade de vomitar. De certeza!

Ouvi dizer que tem uma nova banda de heavy metal chamada Dead Child.
Pode ler tudo sobre os Dead Child em www.deadchild.net, mas posso dizer que tudo começou na tourné dos Slint. Eu, o Michael McMahan e o Todd Cook gostámos tanto da experiência que decidimos criar um novo projecto onde iríamos explorar um estilo mais agressivo. Como gostamos todos de metal, fomos por aí. O Dahm entrou para as vozes, o Tony Bailey para a bateria e aqui estamos. Em princípio, em 2007 deve haver disco.

E o que se segue para David Pajo enquanto artista solo?
Já estou a trabalhar num novo disco. Talvez dê alguns espectáculos na Europa para o ano que vem. Quero tornar-me um artista de estúdio e tocar ao vivo de vez em quando. Muito de vez em quando...

Se pudesse escolher uma banda ideal para tocar consigo, quem escolheria para cada instrumento, morto ou vivo?
Os Dead Child são a minha banda ideal e felizmente estão todos vivos e recomendam-se. E ainda por cima vivem todos na mesma cidade. O que é que eu poderia querer mais?


PAJO
“1968”
2006 – Drag City / Domino

Em 1995, David Pajo começou a sua saga como músico em nome próprio. M is the Thirteen Letter, Aerial M, Papa M e PAJO são as encarnações até à data de um músico que muda o nome do seu projecto ao sabor das mudanças das suas tendências musicais. Colectivamente, David Pajo foi um dos mentores da cena rock e pós-rock de Louisville e Chicago, como parte integrante de projectos tão seminais como Slint e Tortoise. Tudo isto, que já não é pouco, entremeado pelo empréstimo dos seus talentos a mil e um outros projectos, entre os quais se contam King Kong, Palace Brothers, Stereolab, Royal Trux, The For Carnation, Matmos, Bonnie 'Prince' Billy, Zwan e no presente Dead Child.
Um artista introvertido com vasta experiência e batido nos estúdios e palcos do mundo, que cria música de um sublime negativismo e de uma beleza estonteante. Um músico de contrastes que continua a apostar em si próprio porque não sabe fazer mais nada na vida e porque cada disco que cria o deixa insatisfeito ao ponto de ter de fazer outro. E outro... E ainda bem... “1968” é a sua última e mais perfeita tentativa, e onde os seus dotes de trovador se apresentam muito bem apurados. Um álbum escrito, instrumentado e produzido solitariamente por David Pajo, com letras negras, muito negras, mas com uma suavidade musical e um sentido de harmonia únicos. Apesar da obscuridade, damos por nós a trautear alegremente “if i cared about the insults / my friends have made to me / I wouldn't be on this path of debauchery”. Ou então: “here they come / hillbilly killers on the run / with shotgun / cut her up / and cut her down in a pickup truck / giddy up”.

04/12/2006

Yo La Tengo muy bueno

Como seria de esperar, os Yo La Tengo demonstraram mais uma vez que, apesar dos seus 20 anos de existência, continuam a ter aquele sabor de quem começou ontem a fazer música. Pessoalmente, foi o meu quarto concerto da banda (o primeiro foi num festival falhado na Costa da Caparica no início da da década de 90 - quem se lembra?) e mais uma vez o de ontem foi diferente de todos os outros, mas igualmente entusiasmante. Foi um concerto em que se passou em revista toda a história dos YLT (eles até tocaram "The Story Of Yo La Tengo" o grande final do último disco "I'm not afraid of you and I will beat your ass"), dos longos solos distorcidos de Ira Kaplan, à bateria moe tuckeriana de Georgia Hubley e ao baixo sincopado de James McNew. Com muitos falsetes, pianadas, maracas, e sempre com muito ritmo. Uma festa. O ponto alto foi (talvez) a fabulosa versão de "Nuclear War" de Sun Ra a fechar o concerto, com a banda a sair pelo meio da audiência. E a regressar para dois, ou três(?) encores, onde até aceitaram pedidos. Foi o concerto final de uma longa tourné, mas o cansaço não diminui a actuação da banda de rock mais simpática do planeta. Até à próxima Ira, Georgia e James.

30/11/2006

A espera de Tom Waits

Para um músico que se torna cada vez mais difícil de ouvir e por isso mesmo cada vez mais genial, estranhei ver tantas capas de tantos jornais dedicadas à caixa de pandora que é o novo (velho?) triplo álbum maravilhosamente encaixotado de Tom Waits. E mais estranhei ainda saber que apesar desta inusitada mediatização, a "meia dúzia" de discos que chegou a Portugal não chegou, nem de perto nem de longe, para as encomendas. Lá vem de novo à tona a excelente estratégia comercial das distribuidoras portuguesas que não sabem muitas vezes o que têm em mão. Quem ainda pensa adquirir esta pérola nas lojas portuguesas (vale mesmo a pena!!!), terá de aguardar ou procurar além fronteiras. Mas saibam que lá fora a coisa também não está fácil. Ainda bem que reservei o meu exemplar na Amazon um mês antes da eddição oficial (desculpem lá bater no ceguinho...).

PS - um chocolate para quem descobrir a referência a Luís de Camões na caixa.

 
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