02/03/2007

MEMORIAL DO CONCERTO #4 – Fugazi no Garage

Lá pelos idos de 1995, estava eu a atravessar a Av. da Liberdade e a subir a Alexandre Herculano quando os meus olhos se desviaram para os tapumes de uma obra (quem sabe do metro da Rotunda...), onde estavam afixados cartazes de espectáculos. E qual não foi o meu espanto quando vi um cartaz completamente preto, com letras garrafais e em caixa alta a branco que liam FUGAZI. Na altura a fartura era tão pouca (não que agora seja muito maior, mas não tem comparação) e a promessa era tão boa que segui o meu caminho fascinado com a promessa de um grande concerto de uma das melhores bandas hardcore de todos os tempos. E comecei logo a fazer uma lista dos amigos que tinha de avisar. Após vários telefonemas lá reuni uma trupe que se deslocou ao Garage, em Alcântara, no primeiro dia de Junho de 1995 (há 12 anos...). A sala não estava cheia e o ambiente estava repleto de pessoas que se conheciam mutuamente. O enquadramento não podia ser melhor e os Fugazi estiveram completamente à altura. A base foi o então recentemente editado “Red Medicine” e o recheio foi composto por muita energia, compassos e quebras de ritmo constantes, só possíveis a quem toca junto há muito tempo e que sabe o que está a fazer até de olhos fechados. Tipo aqueles jogadores de futebol que chutam a bola sem olhar para onde ela vai, porque sabem que alguém vai lá estar para a receber. Numa palavra: perfeito. Com todas as imperfeições que o hardcore tem de genial. Não me lembro de temas em particular (já lá vai muito tempo), mas lembro-me de que fiquei feliz pelo concerto (ainda hoje, muitos concertos depois, está no meu top 10) e pelos amigos que não conheciam Fugazi e que no final demonstravam claros sinais de surpresa e plena satisfação. E lembro-me, ou estou a tentar lembrar-me, que Ian MacKaye, Brendan Canty, Joe Lally e Guy Picciotto tocaram uma das melhores canções rock de todos os tempos (“Repeater”), que por acaso dá título a um dos melhores álbuns rock de todos os tempos e que por acaso até arranjei um exemplar ao vivo no You Tube, por acaso também de 1995 (em Montreal). Entretanto, os Fugazi estão em banho-maria desde 2001, data do último registo “The Argument”, mas continuam a ocupar um lugar muito especial na minha memoria e lá volto a eles de vez em quando. Quem sabe talvez eles voltem aos discos e, já agora, a Portugal. Valia bem a pena.

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