Arcade Fire ou Fogo de Vista?
Provavelmente estou a cometer um sacrilégio, mas a vida é mesmo assim e como não sou particularmente crente, é-me indiferente. Neste capítulo, só acredito mesmo que é a diferença de opiniões que faz avançar o mundo. À partida não escondo que simpatizei com os Arcade Fire aquando do primeiro disco - “Funeral” – que me trouxe à memoria os saudosos Talking Heads, com uma energia invulgar, muitas vezes épica. Mas a verdade é que ao fim de 3 ou 4 audições, pouco mais descobri de novo no disco e lá foi ele parar à prateleira dos esquecidos. O novo “Neon Bible”, apesar de muito louvado na imprensa nacional (basta consultar a histeria colectiva no Público de sexta-feira passada e no último Expresso), a mim só veio confirmar o que tinha sentido quando assisti ao “Funeral”: os Arcade Fire são poderosos, têm um apurado sentido melódico e devem ser de facto imponentes ao vivo - quem não esteve o ano passado em Paredes de Coura, como eu, vai poder comprová-lo no dia 3 de Julho em Lisboa, durante o próximo Super Bock Super Rock, e eu faço tenções de ir ver, porque fiquei curioso. Contudo, a mim as músicas dos Arcade Fire acabam por soar todas mais ou menos ao mesmo, e neste disco ainda mais do que no anterior: a cadência é praticamente sempre a mesma; os instrumentos aparecem todos ao mesmo tempo; a voz do vocalista não é muito versátil e não sai do mesmo registo. Ou seja, há poucos altos e baixos, aqueles que tornam a música perturbante, marcante e perene. Ou seja, o néon da bíblia dos Arcade Fire tem um brilho intenso, mas que em mim se apaga rapidamente. Serei o único?
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