Shellac are back!!!
Sete anos depois do último álbum, os Shellac de Steve Albini (guitarra), Bob Weston (baixo) e Todd Trainer (bateria) estão de regresso aos discos. E porque é que este facto é de saudar? Porque os Shellac são simplesmente o power trio mais poderoso da história do rock americano. Porque este é apenas o quarto álbum de uma banda que tem tudo de mítica, a começar pelo passado dos seus membros: Albini foi figura de proa nos Big Black e nos Rapeman. Weston, tal como Albini, produtor de profissão, militou nos Volcano Suns e nos The Garfield Cadets. Trainer passou pelos Brick Layer Cake, pelos Breaking Circus e pelos Riffle Sport. Mas também porque foi com uma entrevista aos Shellac a meias com a Raquel Pinheiro e o Hugo Moutinho que comecei a minha colaboração de seis anos na (extinta?) Mondo Bizarre, mais precisamente no nº4, de Agosto de 2000.
E já que estou numa de regresso ao passado, sempre com o rock no futuro, deixo aqui umas palavras sobre os Shellac, recolhidas precisamente do texto que acompanhou a referida entrevista: “os Shellac não são com certeza uma banda normal: não andam na ribalta, não promovem os seus discos, não fazem digressões, poucas vezes dão entrevistas, e não precisam mais do que três instrumentos para fazerem músicas que dão a volta às entranhas mais resistentes. O nome, traduzido à letra, significa goma-laca, uma espécie de verniz industrial. No universo musical, “shellac” é uma substância usada no passado para fazer discos em vinil. No universo da banda, “shellac” é um leitor de vinis de 78 rpm. Isto porque os Shellac são apologistas da gravação através de métodos analógicos. Revivalismo? Não. Somente uma forma de assegurar a qualidade sonora desejada pelos músicos. E de não deixar cair o vinil no esquecimento”.
Depois de "At Action Park" (1994), "Terraform" (1998) e "1000 Hurts" (2000), com vários 7" pelo meio, mais ou menos impossíveis de encontrar, “Excellent Italian Greyhound” é o nome do novo disco, alegadamente inspirado no cão de Todd Trainer. São 9 temas do melhor rock sincopado, sem efeitos especiais, mas com toda a intensidade explosiva que é reconhecida a estes três músicos de eleição. É a liberdade total dada à guitarra, ao baixo e à bateria, mas em estado verdadeiramente puro. É difícil destacar um tema em particular, porque o álbum funciona como um todo, com momentos de extrema energia (“Be Prepared”), seguidos de momentos de quase silêncio (“Genuine Lulabelle”), incluindo espaço para instrumentais calorosos (“Kittypants”), mas sempre com regresso marcado ao rock puro e duro (“Boycott”). Para acabar em êxtase (“Spoke”), como acontece em todos os discos dos Shellac, tal como os inícios costumam custar a arrancar (“The End of Rádio”), como quem arranca um coração. Brutal.
Uma obra de arte que só vem provar (mais uma vez) que o rock nunca vai morrer. Longe disso. Só falta mesmo alguma alma caridosa trazer estes senhores a Portugal. Vejam este vídeo de “Steady As She Goes” e vejam se não vale mesmo a pena, mesmo que o som e a imagem não estejam sincronizados (e que baixo senhores, e que baixo...).
Sem comentários:
Enviar um comentário