21/10/2007

Vieux Farka Touré et Tinariwen dans le Festival du Desert à Lisbonne

Foi uma deliciosa noite afro-árabe que se viveu ontem no CCB com o Festival du Desert, animado e de que maneira por Vieux Farka Touré e os Tinariwen.


A música do Mali viu-se primeiro representada pela sua vertente negra, com Vieux Farka Touré, filho do “mítico” Ali Farka Touré, a dar um verdadeiro show do calor humano e musical que se vive em África. Ritmos fortes, a fazer uma cama perfeita ao domínio da guitarra e constantemente a obrigar o corpo a acompanhar e a boca a sorrir, a terminar em êxtase com um sabor muito hendrixiano.


Com apenas 26 anos, Vieux já demonstra a mesma energia e alegria jovial que fizeram do pai uma estrela internacional do Mali. E parece que não é só o talento que corre na família Touré, mas também a enorme capacidade de criar empatia com o público.


A segunda parte de um festival inspirado naquele que acontece anualmente em Essakane (Mali), foi celebrada com os Tinariwen, estes sim, verdadeiros rockeiros tuaregues do deserto, que já é a terceira vez que tocam este ano em Portugal, mas para mim foi a estreia absoluta. O transe (muito) quente e quase minimal dos Tinariwen deu continuidade à festa começada por Vieux Farka Touré, tendo mesmo levado várias vezes a plateia ao êxtase e muitas pessoas a dançar nas coxias. Até houve tempo para o próprio Vieux Farka Touré subir ao palco dos Tinariwen para uma desgarrada.


O único senão é que, ao vivo, o efeito enebriante da música dos Tinariwen podia perfeitamente ser estendido no tempo, muito para além do formato de 4/5 minutos tal como as músicas surgem nos discos. Mas esta é apenas uma nota de rodapé num corpo de concerto consistente e ao nível de quem anda na estrada há muito tempo. Nem sequer se notou a ausência do líder e mentor Ibrahim Ag Alhabib, aka Abreybone, apesar de terem feito falta para compor o todo as vozes femininas que dão mais magia à música dos Tinariwen.



O Festival du Desert acabou por estender-se por quase 3 horas. Não tendo sido nada árido, teria ganho e muito se o ambiente fosse outro que não o CCB, um espaço demasiado formal para estas (an)danças. Um espectáculo destes é para viver ao vivo e a noite de 19 de Outubro estava mesmo a jeito.

Uma nota final para o Che Guevara, que foi apanhado na plateia em trajes muçulmanos. Afinal parece que está bem e de saúde, em passeio por Lisboa.

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