18/05/2007

FRIDGE - O frigorífico voltou a abrir



Descobri os britanicos Fridge ainda eram eles uns ilustres desconhecidos a dar os primeiros passos no território indefinido do pós-rock, com guitarra, baixo e bateria, sempre com a electrónica a (des)marcar compasso e o jazz como inspiração. Foi em 1998, com o segundo e provavelmente mais eclético álbum “Semaphore”. Entrevistei-os na altura para o extinto fanzine Monitor, da Ananana e desde então nunca mais deixei de acompanhar a evolução da banda de Kieran Hebden, Adem Ilhan e Sam Jeffers. Evolução que acabou por dar outros frutos que acabaram por ter muito mais visibilidade do que os próprios Fridge. Estou a falar do projecto Fourtet de Kieran Hebden, cada vez mais famoso e bem vincado na vertente electrónica, se bem que para mim o grande disco dele continue a ser o primeiro e hoje difícil de encontrar EP, de seu nome “THIRTYSIX TWENTYFIVE”. Mas também estou a falar de Adem, o projecto pessoal de Adem Ilhan, que aborda o pop-folk com simplicidade e muita elegência. Sam Jeffers foi o único que ficou musicalmente fiel aos Fridge em exclusivo, sendo a sua actividade paralela o webdesign, que aliás pode ser apreciado nos websites dos Fourtet e Adem.

Curiosamente, como já referi, os Fridge acabaram por ficar mais na obscuridade do que Fourtet ou Adem, o que fez com que desde 2001 o projecto tenha ficado em pousio, sendo agora ressuscitado com um grande disco que recorda os tempos mais inspirados e abrangentes dos Fridge. Um disco complexo, ambicioso e até disruptivo, que contrasta com a linearidade do seu título, “The Sun”, mas que nem por isso é menos agradável e refrescante. Um disco que demonstra que apesar de tudo, estes três músicos continuam a ter um enorme prazer em tocar juntos e que continuam a saber explorar, agora com ainda mais capacidade, todas as influências que os continuam a marcar, como por exemplo no portentoso Eyelids, ou no etéreo Insects.

“The Sun” é assim quase como que um regresso à garagem que os viu nascer. E para mim é como que um regresso a um género sempre indefinido, o dito pós-rock, que me entusiasmou muito (e de certo modo continua a entusiasmar) na segunda metade da década de 90 do século passado e que me fez descobrir Tortoise entre tantas outras bandas.

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