23/04/2007

HAPPY FAMILY


Emocionante. Vibrante. Poderoso. Caloroso. Genial. Fundamental. E mais adjectivos houvesse para qualificar o brilhante concerto que os Akron Family deram ontem no Music Box em Lisboa. A coisa prometia ainda antes de começar. A banda ainda tem poucos discos (todos muito bons), mas já tem fama (e proveito) de ter uma energia única ao vivo, que se confirmou plenamente. O enquadramento era perfeito para um concerto perfeito. A noite estava de Verão. Uma saída nocturna no Cais do Sodré. A descoberta do Music Box, onde ainda não tinha ido e que já deixou vontade de voltar. De facto, só estranhei a (tão) escassa audiência, ainda por cima com bilhetes a 10€. Segundo um amigo que encontrei por lá, parece que os bilhetes vendidos pouco ultrapassaram a meia centena. Para quem lá esteve não podia ser melhor. Muito espaço e uma grande banda só para nós. Mas a coisa podia ter dado para o torto, caso os Akron Family fossem estrelas que se deixam influenciar pelo número que compõe a plateia. A verdade é que eles são mesmo estrelas, porque brilharam tão intensamente como se estivessem perante a audiência mais numerosa do mundo. E, azar para quem lá não esteve, deram um concerto memorável.

Logo o início foi de arromba, numa atmosfera de total intimismo, com os quatro akrons a cantar o caloroso “Love and Space” à beira do palco, que acabou com a plateia a cantar em uníssono com a banda, parceria que aliás durou todo o concerto, sempre conduzida com mestria, alegria e simpatia pelos músicos. O concerto durou perto de duas horas, com mil e um momentos altos e nenhum baixo. Apetece-me referir a interpretação mágica de um tema do mais recente álbum, “Meek Warrior”, que me toca particularmente, de seu nome “Gone Beyond”. Mas para a história vai ficar sem dúvida o final apoteótico, que deve ter durado para aí ¼ de todo o concerto. Uma massa sonora que começou com o épico “Blessing Force”, o início explosivo de “Meek Warrior”, migrando posteriormente para uma power jam que elevou o público ao palco, a cantar e a tocar em tudo o que lembrasse percussão, tendo ficado os (poucos) restantes a saltar mesmo ali à frente. E isto em perto de meia hora, sempre a abrir, sem um segundo de descanso, numa demonstração de puro virtuosismo, no melhor sentido da palavra, mas também de um grande profissionalismo. Já assisti a muitos concertos, mas a simbiose como a que tive o privilégio de testemunhar ontem acontece poucas vezes na vida.

Confesso que houve uma altura em que a coisa começou a esticar-se, mas a genuína alegria que os Akron Family colocam em palco (e se eles são bons em disco, o palco é o habitat natural da banda) faz com que tudo lhes seja permitido. Até um regresso a Lisboa, quanto mais não seja para que os muitos que ficaram em casa, por pura preguiça domingueira ou porque o dinheiro não dá para a fartura de concertos que se aproxima, possam vir a ter o prazer de assistir a um espectáculo dos Akron Family.

1 comentário:

rui henrique disse...

Já vi um video da confusão ordenada em cima do palco e realmente deve ter sido lindo. Nessa noite houve também quem se perdeu para os lados de corroios para assistir a cult of luna, concerto também soberbo. Abraços

 
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