03/04/2007

Os deuses estão loucos

Que saudades que eu tinha dos Young Gods. Decorria o ano de 1989 quando pela primeira vez me chegou aos ouvidos este trio suiço que explodia em todas as direcções, sem guitarras mas com muita electricidade. O conceito de power trio com voz, bateria e samplers era então uma novidade e a mistura de francês com inglês ainda mais. O disco era "L'Eau Rouge" (o segundo da banda) e temas como "L'Amourir" e "Pas Mal" deram direito a festa brava na pista da Juke Box no Bairro Alto. E quando os homens pisaram pela primeira vez os palcos nacionais, se não me engano em 1990, no Cinema Alvalade (que já não existe), com os Mão Morta armados em palhaços na primeira parte e comigo agarrado às grades mesmo em frente ao palco, a minha vida, então com 17/18 anos, mudou para sempre. Acho mesmo que nunca mais senti nada assim num concerto ao vivo. Os Young Gods ainda continuaram em força e grande estilo até 1995, com discos seminais como "Play Kurt Weill", "T.V. Sky" e "Only Heaven". Depois deste último disco perdi-me deles, não só porque encontrei outras músicas, mas também porque acho que eles se perderam musicalmente. A chama apagou-se mutuamente, mas eis que se reacende 12 anos depois, com o novíssimo disco dos deuses suiços, de seu nome "Super Ready/Fragmenté". Está lá tudo o que fez os Young Gods grandes: a potência, a energia, o psicadelismo, a voz franco-britânica de Franz Treichler e os samplers explosivo-neuróticos de Al Comet, que entretanto voltou à banda (e que falta ele fez...). O "Freeze" que deixo aqui à vossa disposição é apenas uma pequena amostra de um regresso que se saúda. E ainda bem que os deuses regressam loucos.

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