Regresso à música com Sonic Youth
As férias estão a acabar, assim como o período de interregno bloguista. E para marcar este regresso às lides musicais, apesar de já ir um bocado fora de tempo, não podia deixar de recordar um dos momentos únicos das minhas fantásticas férias (obrigado Sara, Carla e Matilde): o concerto dos Sonic Youth em Paredes de Coura, um desejo alimentado desde o seu anúncio e felizmente concretizado, depois de uns dias gloriosos de "lua de mel" com a minha amada na Galiza.
Só a espera pela entrada dos SY em palco (e ter de pernoitar no carro com um frio de gelar) foi dolorosa. Aturar a piroseira dos Peter, Bjorn and Paul e a festa demasiado repetitiva das Cansei De Ser Sexy custou um bocado (tive pena de não chegar a tempo das Electrelane...), mas desde que os SY pisaram o palco e durante quase duas horas, fui sónico mais uma vez. Tudo começou com a constatação que à data do concerto completavam-se 15 anos desde que vi os SY pela primeira vez. E posso dizer que foi tão bom como em 1992 no Campo Pequeno. Não se nota nenhuma diferença de intensidade entre a música que fazem hoje e a que andam a fazer há mais 20 anos. Por isso tanto foram pontos altos (altíssimos) as aproximações a "100%" ("Dirty"), "Bull In THe Heather" (de "Experimental Jet Set, Trash and No Star" e não de "Dirty" como diziam no Público) e "Joni" (de "Daydream Nation", com Lee Ranaldo no seu melhor), como o foram "Incinerate" (Rather Ripped) que ainda agora acabou de sair e já é um clássico.
E pouco mais é preciso dizer sobre uma banda que já faz parte dos anais do rock de dois séculos, mas que continua a fazer gáudio em cumprir à letra o lema do seu próprio nome: ser sónico até ao fundo dos tímpanos e com um espírito sempre jovem. Só os óculos de Thurston Moore nos recordam (por escassos momentos) que estamos perante uma trupe de quarentões.
4 notas para terminar:
1 - uma nota especial para Steve Sheley, que fica muitas vezes na sombra de Thurston Moore, Lee Ranaldo e Kim Gordon: o homem é um portento incansável atrás da bateria.
2 - outra nota especial para Kim Gordon, que com aquele seu ar maravilhosamente decadente, tipo Patti Smith com pinta, que dominou e saltou pelo palco, sendo totalmente suas a abertura e o fecho do concerto e sendo totalmente minha a interpretação do maravilhoso "Turquoise Boy" (Rather Ripped).
3 - saúda-se aquele que parece ser o novo quinto elemento dos SY, depois da breve, mas intensa, passagem de Jim O'Rourke pela banda: estou a falar do baixista Mark Ibold, dos saudosos Pavement, que cumpriu na íntegra o seu papel.
4 - para fechar, o meu momento de êxtase: o primeiro encore do concerto, quando os SY tocaram integralmente a trilogia "The Wonder / Hyperstation / Eliminator Jr." do mítico álbum recentemente reeditado Daydream Nation. Numa palavra: sem palavras.
E o Escape From Noise continua...
PS -as fotos apresentadas são do site oficial do Festival de Paredes de Coura.
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