No Jazz em Agosto com a minha filha
Anualmente já começa a ser uma romaria obrigatória a passagem pelo Jazz em Agosto na Gulbenkian. Porque a Gulbenkian proprimante dita representa o melhor que existe em Lisboa. Porque os jardins da Gulbenkian são os melhores de Lisboa (a par do Jardim da Estrela). Porque assistir a um concerto no anfiteatro ao ar livre da Gulbenkian, é o melhor sonho de uma noite de Verão (mesmo com os aviões a passarem constante e ruidosamente por cima). Mas acima de tudo porque no Jazz em Agosto é possível ouvir sonoridades e experiências musicais que não se encontram em mais nenhum festival em Portugal.
Este ano escolhi dois concertos. O de Nik Bartsch's Ronin, ontem à noite, e o da Crimetime Orchestra, que ainda vou ver hoje, mas do qual provavelmente só falarei quando regressar das férias.
O concerto de ontem tornou-se mais simbólico porque pela primeira levei a minha filhota de 5 anos a assistir a um concerto à noite. Dirão uns que levar uma criança em tenra idade a um concerto de jazz é pretensiosismo. Dirão outros que há tempo para tudo na vida. Digo eu que a música é tão importante para o espírito como a comida é para o corpo. E só ritual que envolveu para a minha filha esta ida a um concerto já valeu a experiência. O gozo que me deu ver ela a imitar o baterista, batendo com as mãos nas minhas pernas ao som do jazz minimal, em constante contínuo, mas extremamente envolvente e cativante do quinteto de Nik Bartsch. A inocência com que ela me perguntou quando é que alguém ia cantar. O encanto com que ela acabou por adormecer no meu colo, já acusando o natural cansaço, mas sem dar parte fraca, pois mal o concerto acabou, foi a primeira a levantar-se e a apaludir.
É por poder partilhar estas experiências com a minha filha que estou cada vez mais convicto que música é pura emoção que se sente, dança, vive, apaixona, por mais estranha e diferente que seja. E é por poder partilhar estas experiências com a minha filha num concerto do Jazz em Agosto que fica demonstrado que não só o jazz é uma música ao alcance de todas as emoções e ao alcance de todos, como o Jazz em Agosto é um festival não para eruditos herméticos, mas para todos os apaixonados pelo que a música nos traz de diferente e de novo.
Obrigado ao Nik Bartsch's Ronin por um espectáculo que foi mais uma viagem cósmica do que um concerto. Obrigado ao Jazz em Agosto pelas múltiplas viagens musicais que me tem proporcionado ao longo dos anos. Ainda mais agora que tenho uma nova acompanhante.
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