27/06/2007

Slint

Os Slint foram uma das bandas que me despertou para o pós-rock, a par dos Tortoise, em meados da década de 90. Foi a partir deles que descobri tantas outras bandas e músicos, dos For Carnation aos King Kong, dos Squirrel Bait aos Shipping News, dos Bastro aos Evergreen, dos Palace a Papa M/Pajo, só para nomear alguns (muitos...). "Spiderland" (1991) é mesmo um dos meus all time favourites. Um rock lento, espaçado, caloroso, electrizante. Editaram apenas dois álbuns e agora, 15 anos depois, têm dado alguns concertos que não são mais do que uma reunião dos seus antigos membros e não um regresso, até porque todos eles têm os seus próprios projectos. Evoco-os aqui porque acho que o som dos Slint nunca se esgotou nem esgotará, porque a magia do rock, seja ele pré ou pós, há de continuar sempre a rolar.

25/06/2007

"Aquele menino e aquela menina que cantam rock, que se vestem de vermelho, branco e preto e que o pai gosta"


Podem dizer o que quiserem. Que os White Stripes são apenas mais um fenómeno musical. Que Jack White é vaidoso e pretensioso e rouba riff's a torto e direito. Que Meg White é um páozinho sem sal e que mal sabe tocar bateria. Que eles são ou foram casados, ou que foram ou são irmãos. Ou qualquer fait-divers do género.

O que eu posso dizer é que já andava a ouvir White Stripes muito antes da onda de euforia avassaladora de "Seven Nation Army", que até é das músicas menos interessantes da banda. Que "De Stijl" é o álbum dos White Stripes que todos deviam guardar religiosamente nas audiotecas. Que independentemente de ondas avassaladoras os White Stripes são originais, poderosos, inteligentes, com uma capacidade de produção brutal (6 discos desde 1999). Que fazem o melhor blues rock da actualidade, e à antiga, só com guitarra e bateria. Que "Icky Thump" é mais uma adenda a uma história feliz, com os necessários altos e baixos que tornam um disco maior, e com inúmeros picos que não deixam ninguém adormecer. Dois exemplos para quem me quiser dar ouvidos: Rag and Bone e You Don't Know What Love Is (You Just Do As You're Told)

Tive pena de não os ter visto ao vivo no Alive, mas a minha ausência de Lisboa e a minha aversão a festivais terão de aguardar por uma próxima oportunidade, esperançosamente numa sala pequena e bem suada. Mas não é por ter faltado à chamada que me sinto menos capaz de contrariar o que diz o outro, que os White Stripes são menos aborrecidos ao vivo do que em disco. É perfeitamente possível não gostar de White Stripes, até porque felizmente há gostos para tudo. Agora aborrecidos é que eles não são. Nem ao vivo nem em disco. Pelo menos eu e a minha filhotra de 5 anos divertimo-nos imenso a ouvir, cantar e dançar White Stripes. E isso para mim é mais do que suficiente para elogiar aqui os White Stripes, ou "aquele menino e aquela menina que cantam rock, que se vestem de vermelho, branco e preto e que o pai gosta".

21/06/2007

I feel like headbanging...


Constatação: gosto dos Queens of the Stone Age. Gosto do poder que eles colocam no rock que produzem. Gosto da cadência doentia da música, que pede não só um abanar de cabeça, como também, e sobretudo, um abanar da anca. Gosto de conduzir à velocidade dos Queens, com óculos escuros e cara de mau. Gosto do estilo Elvis meets Billy Idol do mentor/vocalista/guitarrista Josh Homme.

“Rated R” e “Songs for the Deaf” continuam a ser para mim os pontos altos dos Queens. Sem esquecer as quentes “Desert Sessions” promovidas por Homme e sobretudo a última sessão em que contracenou com a maravilhosa PJ Harvey (ver uns posts abaixo).

Depois de uma certa desilusão com “Lullabies To Paralyze”, onde a energia deu lugar a um arrastar por vezes entediante, o novo “Era Vulgaris” traz de novo o rock cru e duro que faz os Queens grandes.

O título diz tudo, não só sobre o disco como sobre a própria banda. Estamos perante um rock sem rodeios, sem intelectualizações, mas com muito charme e muito humor, que traz para a era moderna, ou seja a era vulgaris em que vivemos, o rock’n’roll que sabe partir rocha desde os tempos mais remotos. E daí Queens of the Stone Age.

Aqui fica assim uma saudação às rainhas de Josh Homme e companhia pelo regresso, que espero que também signifique um regresso aos palcos portugueses. Pelo que me disseram, porque eu ainda não tive oportunidade de experimentar, o espectáculo é garantido. E com “Era Vulgaris” mais garantido deve ser ainda.

Conclusão: oiçam a lâmpada partida fumadora e dancem ao som de “Sick, Sick, Sick”. Está lá tudo.


Mais uma amostra de Joanna Newsom e Alasdair Roberts na Aula Magna


Escrito, produzido e realizado por Covasdauro...

19/06/2007

I Wanna Make It Wit' 'chu

De vez em quando este blog serve para fazer declarações de amor musicais à Carla, a minha musa inspiradora.

Desta vez, e para celebrar o novo disco dos Queens of the Stone Age (do qual falarei nos próximos dias), ofereço-te uma canção quente para chamar o verão que tarda a aparecer: "I Wanna Make It Wit' 'chu", pelo par mais sexy do rock, Josh Homme e PJ Harvey.

Encontramo-nos mais logo...

Shellac are back!!!



Sete anos depois do último álbum, os Shellac de Steve Albini (guitarra), Bob Weston (baixo) e Todd Trainer (bateria) estão de regresso aos discos. E porque é que este facto é de saudar? Porque os Shellac são simplesmente o power trio mais poderoso da história do rock americano. Porque este é apenas o quarto álbum de uma banda que tem tudo de mítica, a começar pelo passado dos seus membros: Albini foi figura de proa nos Big Black e nos Rapeman. Weston, tal como Albini, produtor de profissão, militou nos Volcano Suns e nos The Garfield Cadets. Trainer passou pelos Brick Layer Cake, pelos Breaking Circus e pelos Riffle Sport. Mas também porque foi com uma entrevista aos Shellac a meias com a Raquel Pinheiro e o Hugo Moutinho que comecei a minha colaboração de seis anos na (extinta?) Mondo Bizarre, mais precisamente no nº4, de Agosto de 2000.

E já que estou numa de regresso ao passado, sempre com o rock no futuro, deixo aqui umas palavras sobre os Shellac, recolhidas precisamente do texto que acompanhou a referida entrevista: “os Shellac não são com certeza uma banda normal: não andam na ribalta, não promovem os seus discos, não fazem digressões, poucas vezes dão entrevistas, e não precisam mais do que três instrumentos para fazerem músicas que dão a volta às entranhas mais resistentes. O nome, traduzido à letra, significa goma-laca, uma espécie de verniz industrial. No universo musical, “shellac” é uma substância usada no passado para fazer discos em vinil. No universo da banda, “shellac” é um leitor de vinis de 78 rpm. Isto porque os Shellac são apologistas da gravação através de métodos analógicos. Revivalismo? Não. Somente uma forma de assegurar a qualidade sonora desejada pelos músicos. E de não deixar cair o vinil no esquecimento”.

Depois de "At Action Park" (1994), "Terraform" (1998) e "1000 Hurts" (2000), com vários 7" pelo meio, mais ou menos impossíveis de encontrar, “Excellent Italian Greyhound” é o nome do novo disco, alegadamente inspirado no cão de Todd Trainer. São 9 temas do melhor rock sincopado, sem efeitos especiais, mas com toda a intensidade explosiva que é reconhecida a estes três músicos de eleição. É a liberdade total dada à guitarra, ao baixo e à bateria, mas em estado verdadeiramente puro. É difícil destacar um tema em particular, porque o álbum funciona como um todo, com momentos de extrema energia (“Be Prepared”), seguidos de momentos de quase silêncio (“Genuine Lulabelle”), incluindo espaço para instrumentais calorosos (“Kittypants”), mas sempre com regresso marcado ao rock puro e duro (“Boycott”). Para acabar em êxtase (“Spoke”), como acontece em todos os discos dos Shellac, tal como os inícios costumam custar a arrancar (“The End of Rádio”), como quem arranca um coração. Brutal.

Uma obra de arte que só vem provar (mais uma vez) que o rock nunca vai morrer. Longe disso. Só falta mesmo alguma alma caridosa trazer estes senhores a Portugal. Vejam este vídeo de “Steady As She Goes” e vejam se não vale mesmo a pena, mesmo que o som e a imagem não estejam sincronizados (e que baixo senhores, e que baixo...).

18/06/2007

Beastie Boys - The Mix Up


Depois do concerto o novo disco "The Mix Up". 12 temas instrumentais onde os Beastie Boys, depois de no anterior "To the 5 Boroughs" terem demonstrado os seus dotes vocais, apresentam agora os seus dotes musicais. Muito funk, com pózinhos de jazz e latin fever. Um disco despretensioso de uma banda adulta, que vai atingir muito mais público do que o comum fã dos Beastie Boys. Será isso mau? Será isso pouco? Não. É uma festa, como foi o concerto da Aula Magna. A ouvir e bem alto, como se pode constatar no mais recente video da banda, "The Gala Event". E a fantástica capa do disco, que já me valeu uma bela t-shirt oferecida pela minha cara metade no aniversário referido uns posts atrás? Roam-se de inveja...

15/06/2007

Beastie Boys ou mais vale tarde que nunca para louvar um dos grandes concertos da minha vida

Como já referi no post anterior, as férias trouxeram a merecida inércia à minha vida. Mas a pedido de muitos fãs (...), aqui vai o relato do bestial concerto com que os Beastie Boys brindaram os presentes na Aula Magna, na passada 2ª feira, dia 11 de Junho.

As minhas expectativas eram enormes, simplesmente porque tenho um fétiche em ver as bandas que mais tocaram a minha existência musical, independentemente dessas bandas me marcarem mais, ou menos, quando finalmente chegam a Portugal. O caso dos Beastie Boys é muito particular, porque representam um determinado estilo que, para além deles, não faz muito o meu género. Isto para dizer que nunca fui grande adepto de hip hop, se bem que para mim os Beastie Boys são muito mais do que hip hop. Têm um pouco de tudo o que me entusiasma na música, mas em quantidades enormes. São pura alegria, com pontos altos (para mim), primeiro no mágico “Paul’s Boutique” e depois no mais recente e enciclopédico do universo beastiano, “Hello Nasty”. Mas já também com o novo e acabadinho de sair (curiosamente apenas sétimo álbum), “The Mix-Up”, cuja fórmula serviu de base ao concerto de Lisboa.

Um concerto mais assente num formato instrumental e muito funk’n’jazz, com Mike D, Ad-Rock e Adam Yauch respectivamente na guitarra, na bateria e no baixo, brilhantemente secundados pelos companheiros de longa data Mix Master Mike (pratos), Money Mark (teclas) e Alfredo Ortiz (percussão).

Mas se o concerto começou no registo atrás referido (e muito bem!!!), os Boys não conseguiram resistir (e ainda bem!!!) a algumas viagens ao passado hip-hopico - com Ad-Rock a saltar várias vezes da bateria para a frente do palco, para completar o trio de vozes, com destaque para “3 MC’s and 1 DJ” e “Sure Shot” – e até ao passado hardcore – o que eu saltei e (mais uma vez) dei cabo do pescoço ao som de “Heart Attack Man”. Já perto do final, depois de mais de hora e meia de “let’s party on”, os Beastie Boys deixaram de lado as formalidades dos encores por iniciativa própria e fecharam o concerto de uma só vez, com o apoteótico “Sabotage” a servir de cereja no topo de um bolo cheio de chantilly. A única sensação estranha que me ficou foi que as músicas podiam todas se ter alongado um pouco mais, nomeadamente as instrumentais. Bem sei que o som dos Beastie Boys aquece logo desde o primeiro segundo, mas o meu corpo pediu mais e contra isso não posso fazer nada.

Conclusão? Os Beastie continuam Boys no espírito (ao segundo tema já estava tudo de pé e aos saltos – bem, eu pelo menos...), mas são de um profissionalismo deveras adulto e de uma capacidade comunicativa extraordinária. E o que se pode pedir mais a uma grande banda? Só que venham cá mais vezes e não nos deixem isolados nesta parvónia 20 anos.

Desta vez não filmei nada, porque quis estar livre para dançar à vontade. Mas descobri estas amostras interessantes no You Tube. Reparem nos fantásticos efeitos de luz que pairavam sobre o palco.




14/06/2007

Hoje faço 35 anos

Tenho estado de férias e férias significa férias de tudo. Por isso tenho andado afastado até deste blog a que chamo meu. Mas não podia deixar de oferecer uma prenda muito especial a todos os dois gatos pingados que por aqui passam semana-sim, semana-não. E a minha prenda não é uma mas duas, mais precisamente dois vídeos filmados por mim no concerto de Joanna Newsom na Aula Magna, no passado dia 2 de Maio (como aliás já tinha prometido quando deixei as minhas impressões sobre o concerto). O primeiro é precisamente o primeiro tema da actuação de Joanna Newsom com a Ys Street Band, “Bridges And Balloons” do álbum “The Milk-Eyed Mender”. O segundo é uma canção maravilhosa do escocês Alasdair Roberts, que actuou a solo na primeira parte do concerto: “I had a kiss of the kings hand” do seu mais recente disco “The Amber Gatherers”. Observem bem a mestria das filmagens. E feliz aniversário!


06/06/2007

The Soaked Lamb - "Home Made Blues"


Dia 18 de Junho chega às discotecas uma colecção de "old fashion blues for the new century". Parabéns aos Soaked Lamb pelos seus "Home Made Blues", em particular ao camarada Miguel Lima. Eu vou comprar. Apoiem a causa e comprem também.

01/06/2007

Have a merry little weekend...

No seguimento do post anterior, Escape From Noise apresenta: TUSK - "Make a Mess"

A Fucking Triumphant Concert


Foi ontem e subiu desde logo a um dos mais poderosos concertos a que assisti na minha vida, a par dos Comets on Fire na ZDB, dos Mogwai no Paradise Garage e dos Fugazi, também no Garage. O Santiago Alquimista é um espaço fantástico, com uma aura muito especial, se bem que o som não tenha estado à altura. Apesar disso, não há dúvida que o local também contribuiu para a qualidade do concerto.

A noite começou bem, aliás mesmo muito bem, com os Riding Panico. São brutais, com uma energia pouco usual em Portugal e com muito para dar. Já conhecia o EP deles, que não só sabe a pouco como ao vivo a coisa revela-se muito maior. Um projecto a seguir atentamente e para abanar a cabeça violentamente.

Na continuação do concerto surgiram os Linda Martini, que parecem já ter um pequeno séquito de fãs. Também já conhecia em disco e confesso que já ia de pé atrás. O nome da banda não tem nada a ver com a música que fazem e a voz do vocalista muito menos. Aliás, a parte do espectáculo deles que mais gostei foi precisamente o princípio, quando o microfone estava sem voz. Mas mesmo sendo musicalmente poderosos, são algo monocórdicos. Salva-se uma coisa: fica sempre tão bem uma mulher no baixo...

Quando os Pelican subiram ao palco já o ambiente estava bem aquecido. Mas mesmo assim, eles conseguiram aquecê-lo ainda mais. Comerçaram com os dois primeiros álbuns do novo "City of Echoes" que está aí a rebentar, para depois estoirarem completamente com um regresso ao passado e ao bombástico e mais trashado "Australasia". Daí a ficar em êxtase e com um sorriso parvo estampado na cara foi um micro-segundo. Dei por mim a pensar como deve ser bom ter uma valente trunfa para abanar, porque é isso que os Pelican pedem e nós somos obrigados a dar. Ainda mais quando a banda tem um guitarrista que toca como se fosse uma mistura de AC/DC com Van Halen. O problema é que aconteceu aquilo que acontece quando um concerto é excepcional. Acaba tão depressa como começa e deixa um amargo de boca. Amargo que só foi real porque os Pelican não tocaram o meu tema preferido do meu álbum preferido: "Autumn Into Summer" de "Fire In Our Throats Will Beckon The Thaw". Tudo o resto foi pura magia.

Já no rescaldo de uma noite com mais de 3 horas de música poderosa, não resisti a comprar um disco dos TUSK, um projecto paralelo de 3 dos músicos dos Pelican de grind-core. Se Pelican ao vivo é o que é, é ouvir Dracula Dragon Trick e imaginar como serão os Tusk. Será provavelmente passar da surdez que ainda dura à hora que escrevo este post à provável surdez absoluta durante uma semana.

Tudo isto para concluir: às vezes nada como uma dose massificada de noise-rock para manter o espírito vivo. No grupo de amigos com quem tive o prazer de disfrutar deste magnífico concerto, a certa altura interrogámo-nos se quando chegarmos aos 40 (já falta pouco...) vamos continuar a alinhar nestas coisas. A resposta foi clara e uníssona: SIM!!!

PS - Hoje acordei com a cabeça a desesperar por um Guronsan. Se calhar isto da proximidade dos 40 é mais sério do que parece. Não é nada!!! Quando é que os Pelican vêm cá outra vez? E já agora quem é que faz o favor de trazer a Portugal os Red Sparowes e os ISIS? Parece que Guronsan é bem mais fácil de arranjar.

 
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