31/01/2007

Red Sparowes e Cult of Luna ao vivo em Portugal



Ao ano começa em grande. A acrescentar ao concerto dos Akron/Family no Music Box, em Lisboa, no dia 22 de Abril, eis que surgem duas novidades de fazer crescer água na boca. No mesmo dia dos Akron/Family (bolas!...), mas no Cineteatro de Corroios, apresentam-se os suecos Cult of Luna. Dois dias depois, a 24 de Abril, no Santiago Alquimista (mas ainda por confirmar), é a vez de um dos melhores projectos rock que ouvi nos últimos anos e um dos melhores álbuns de 2006 ("Every Red Heart Shines Towards The Red Sun"), os Red Sparowes. Duas noites explosivas, com certeza.

30/01/2007

GRANDES VERSÔES - Trent Reznor/Peter Murphy/TV On The Radio - "Final Solution"

Uma combinação altamente improvável: Trent Reznor (Nine Inch Nails), Peter Murphy (Bauhaus) e os TV On The Radio a cantar a canção "Final Solution" dos Pere Ubu em Washington DC no dia 13 de Junho de 2006.

Eric Claridge - um artista e um artista...

Eric Claridge é com certeza um desconhecido. É um músico low-profile, que oferece no presente os serviços do seu baixo aos The Sea And Cake, tendo no passado sido parte integrante do projecto Shrimp Boat, que marcou o início do movimento musical que se viveu em Chicago no final da década de 80 e início da década de 90 (a caixa de 4CD's "Something Grand" editada pela Aum Fidelity é um objecto histórico a descobrir). Mas Eric Claridge não é só um artista da música, como é um talentoso e auto-didacta pintor e artista gráfico. A mim tocam-me particularmente o realismo e o cromatismo com que Claridge deu asas à imaginação através da representação de pássaros. O resto está à disposição de todos em www.ericclaridge.com








(smog) aka Bill Callahan


Há aqueles que começam em nome próprio e acabam por criar um ou mais alter egos. E depois há outros que se escondem na neblina durante anos e anos até que de repente, sem aviso prévio, afirmam de peito aberto o nome com que vieram ao mundo. Estou a falar de Bill Callahan, mentor dos (Smog) desde 1990 e que ao fim de 17 anos vai editar o seu primeiro disco a solo, com o "pinoquiano" título "Woke on a Whale's Heart". Na verdade não há grande diferença entre aquilo que Callahan tem feito nos últimos álbuns dos (Smog) e o disco que vai sair a 17 de Abril. Há sem dúvida mais alegria e uma instrumentação mais elaborada, e talvez por isso o músico tenha decidido levantar a cortina de fumo que tem coberto o seu country-rock intimista e obscuro. Mas a voz, e que voz..., continua a vir das profundezas para espelhar as idiossincrasias do mundo. Talvez o abandono (definitivo?) do alias (Smog) tenha a ver com o facto do senhor andar enamorado de Joanna Newsom - ela tocou no último (Smog), "A River Ain't Too Much To Love", e até foi companheira de palco de Callahan no fantástico concerto da banda em Lisboa em 2005, e ele canta no iluminado "Ys" de Newsom - o que talvez o tenha levado a afirmar o seu nome e o seu amor musicalmente (reparem no título da última música). Ou simplesmente talvez porque foi a melhor forma de Callahan, um dos três melhores trovadores americanos da actualidade, a par de Kurt Wagner e de Will Oldham, se reinventar, continuando a fazer aquilo que sabe fazer tão bem. Independentemente de tudo isto, "Woke on a Whale's Heart" é mais um disco inspirado de Bill Callahan, desta vez sem (Smog), mas curiosamente com mais sabor a banda do que nos discos anteriores, e com um excelente leque de artistas dos quais Callahan sabe sempre muito bem extrair o melhor que eles têm para a sua música: Neil Michael Hagerty nos arranjos e espírito de todo o disco, Deani Pugh-Flemmings da Olivet Baptist Church nos coros, Pete Denton na guitarra e Elizabeth Warren no violino. Segue-se o alinhamento do álbum e uma pequena amostra para saborear a genialidade de Bill Callahan.

"Woke on a Whale's Heart"
1. From The Rivers To The Ocean
2. Footprints
3. Diamond Dancer
4. Sycamore
5. The Wheel
6. Honeymoon Child
7. Day
8. Night
9. A Man Needs A Woman Or...
2007 - Drag City

26/01/2007

MEMORIAL DO CONCERTO #3 - Bonnie Prince Billy na Zé dos Bois

No dia 25 de Março de 2001 cumpri um desejo que se avolumava desde 1997, quando comprei o meu primeiro disco de Bonnie Prince Billy , o injustamente esquecido “Joya” e único álbum que o músico assinou com o seu nome de nascimento, Will Oldham. Quando soube do concerto, cheguei extasiado a casa a contar a boa nova à minha mulher, também ela fã do melhor songwriter do mundo. E lembrei-me de desafiar o cunhado Carlos para um concerto que sei que foi o momento em que também ele se rendeu aos encantos de Bonnie Prince Billy. O espaço estava (como sempre aconrtece na ZDB) irrespirável. O concerto foi uma catarse de country rock, inspirado entre dois discos completamente seminais, “I See A Darkness” e “Ease Down The Road”, com uma energia naturalmente muito superior à dos discos. Eu, a minha mulher e o meu cunhado fartámo-nos de cantar, aplaudir e berrar perante a festa que nos foi proporcionada. A única coisa que me incomodou foi mais uma vez a manifestação daquele espírito intelectualóide de muitas pessoas da nossa praça, que vão para um concerto contemplar a sua imbecilidade, em vez de sentirem a música e emocionarem-se com ela. E é de facto difícil não nos emocionarmos com a música de uma personagem que é, como diz o cunhado Carlos, “um poeta que fode”. E só quem não tem sentimentos consegue ficar impávido e sereno num concerto daqueles. Se calhar é a postura que há que manter. Muita gente nem sequer deu pela presença (discreta sim) de David Pajo no palco, o mesmo que assinou um dos melhores, se não mesmo o melhor disco de 2006: PAJO - “1968”. A Zé dos Bois tem destas coisas: é um espaço impensável para concertos, mas de facto há uma magia muito especial nos concertos vividos em salas mínimas e em cima do palco (que nem sequer existe) e dos músicos. Se bem me lembro, "Just To See My Holly Home" foi um dos momentos altos da noite. Deixo aqui um vídeo desta música. Reparem como o Will Oldham tem cara de esquilo.

25/01/2007

Sonic Youth - Do You Believe In Rapture

O mais recente video dos velhinhos Sonic Youth, gravado no mítico CBGB's de Nova Iorque. Perdoem-me o anacronismo, mas continuo a ser fã.

24/01/2007

Um vídeo inspirado em Alice Coltrane

A love supreme for Alice Coltrane (1937-2007)



Discreta como sempre foi em vida, durante a qual muitas vezes, e injustamente, viveu na sombra do seu marido e figura ímpar do jazz mundial, John Coltrane, morreu na passada sexta-feira, dia 19 de Janeiro, aos 69 anos.

Serve este pequeno texto para homenagear uma das senhoras que inspirou o meu prazer pelo jazz quando ouvi pela primeira vez “Ptah The El-Daoud” há 15 anos, tal como foi a luz inspiradora e a alma de toda a música de John Coltrane.

A diva nasceu em Detroit, a 27 de Agosto de 1937, com o nome Alice McLeod. Começou a aprender piano clássico aos 7 anos, orientando o instrumento para o jazz em Paris, antes de se mudar para Nova Iorque, onde veio a conhecer o futuro marido, em 1963. Nesta época tocava com o músico Terry Gibbs, muitas vezes “acusado” de ter apresentado Alice e John. Gibbs terá dito ao Los Angeles Times que John Coltrane “saw something in her that was beautiful”.

Alie abandonou a banda de Gibbs para se casar com John Coltrane, tendo começado a tocar na banda do marido em meados da década de 60. Andaram em tourné por São Francisco, Nova Iorque e Tóquio. Deste período inicial Alice Coltrane guardou uma memória particular: "John not only taught me how to explore but to play thoroughly and completely”.

A 17 de Julho de 1967 John Coltrane morre de cancro do fígado. Inicialmente Alice retirou-se para se dedicar à educação dos filhos de ambos, mas acabou por voltar à música ainda nos anos 60. Converteu-se ao hinduísmo, vertente espiritual que sempre se sentiu na sua música, nomeadamente nos aclamados “A Monastic Trio”, “Ptah, the El Daoud” e “Journey in Satchidananda”.

Apesar de se ter mantido na quase-penumbra desde o final da década de 70, o seu último disco é recente e data de 2004, “Translinear Light”, em co-autoria com o seu filho, Ravi Coltrane, saxofonista como o pai. São também com o filho as últimas performances ao vivo de Alice Coltrane, no Outono de 2006.

Obrigado Alice pela inspiração.

Discografia em nome próprio:
. A Monastic Trio (1967–68)
. Huntington Ashram Monastery (1969)
. Ptah, the El Daoud (1970)
. Journey in Satchidananda (1970)
. Astral Meditations (1966–71)
. Universal Consciousness (1972)
. World Galaxy (1972)
. Lord of Lords (1972)
. John Coltrane: Infinity (1973)
. Reflection on Creation and Space (A Five Year View) (1973)
. Illuminations (1974; with Carlos Santana)
. Radha-Krisna Nama Sankirtana (1976)
. Transcendence (1977)
. Transfiguration (1978)
. Divine Songs (1987)
. Translinear Light (2004; with Ravi Coltrane)

23/01/2007

Stephen Malkmus _ Baby C'mon

Grande video. Grande música. Grande músico. Quando é que alguém o traz cá? Já não basta se terem esaquecido dos Pavement? C'mon!!!

21/01/2007

Stereolab by Jay Ryan. É este o cartaz. É bonito...

Jay Ryan - já agora...

Acabei o Memorial do Concerto 2 com uma menção a Jay Ryan, designer gráfico e músico (baixista) dos Dianogah. Aqui fica um mini-documentário do seu trabalho, da sua música e de tudo o que ele tem a dizer sobre isto tudo. O meu cartaz de Jay Ryan do concerto dos Stereolab-Mouse On Mars-David Grubbs (13-11-1997) é o nº139 de 300 e sei que está esgotado... E eu estive lá. Acho que é a única arte que eu tenho de valor. Pelo menos sentimental...

MEMORIAL DO CONCERTO #2 - Stereolab na Windy City

Em 1997 (já lá vão 10 anos...) estava eu no meu início de vida profissional e lá ganhei uns trocos à conta da publicidade para ir visitar o meu amigo Jorge (onde andas tu Jorge?) a Chicago, onde ele estava a viver. Estive por lá quase duas semanas, em pleno nevão, na cidade mais cultural que visitei até hoje. Tudo. Concertos de todos os géneros e feitios e nos locais mais fantásticos. Banda-desenhada em grande para um americanizado como eu. Exposições fabulosas com quadros e instalações que só se vêm nos livros. E a arquitectura (deixo aqui um abraço ao Frank Loyd Wright). E a música que mais me entusiasmava na altura, o chamado pós-rock de Chicago, com os Tortoise à cabeça. Estava no céu. Antes de partir fiz as minhas pesquisas e descobri que, logo no meu segundo dia de estadia, a 13 de Novembro, iam tocar no Metro os Stereolab, antecedidos por David Grubbs e Mouse On Mars. Imperdível, apesar de, confesso, ter sido aquele concerto que me despertou para o pop-rock elegante e minimalista dos Sterolab. O concerto cumpriu em tudo. Grubbs entrou e saiu sozinho e deixou-nos uma das suas experiências vanguardistas que passou algo despercebida, devido aos groupies dos Stereolab. Os Mouse On Mars puseram a sala aos saltos e os Stereolab continuaram a festa, num tom muito mais rock que pop e sempre em crescendo. E aquelas vozes em francês derretem qualquer um. A cereja no topo do bolo foi a reentrada em cena dos Mouse On Mars no final da noite, que resulto numa jam muito improvisada, que valeu pela energia exposta em palco. Um concerto ainda mais saboroso porque os Stereolab nunca vieram a Portugal e por ter sido, sem dúvida, no período áureo da banda. À saída tive a sorte de comprar uma serigrafia numerada do cartaz do concerto, desenhada por Jay Ryan, que ele próprio me vendeu e que mais tarde vim a descobrir ser membro de uma banda rock discreta, e espartana até, mas com uma energia muito particular que muito me agrada, os Dianogah.

PS - Ao entrar na sala do concerto pediram-me para mostrar o BI, que eu patrioticamente apresentei, afirmando de peito aberto a minha portugalidade. A cara do segurança a olhar para aquele cartão tamanho king size, com a minha fotografia de mouro (vá lá que foi antes do 11 de Setembro...) é uma cena que nunca esquecerei.

19/01/2007

Viva o homem sem braços!


Pode não ser à partida música, porque é um projecto de animação. Mas tem som do amigo Miguel Lima, grande sonoplasta da nossa praça e baterista dos Soaked Lamb, banda que deve estar aí a rebentar a qualquer altura e sobre quem já falei uns posts atrás. Boa Miguel. O Homem Sem Braços tem aquele humor negro vintage de que eu tanto gosto e a música dá vontade de apanhar uma bebedeira nos próximos santos populares. Quem estiver interessado, pode ver os filmes no site (muito bem conseguido): O Homem Sem Braços

18/01/2007

Descobri Vashti Bunyan!...


Em 1970, Vashti Bunyan editou um disco que ficou para a história do folk, de seu nome “Just another diamond day”. Seguiu-se um longo período de silêncio de 35 anos (parece que as longas pausas estão na moda), sobretudo devido ao insucesso do disco na altura. Apesar disso, nestas três décadas e meia de silêncio, Vashti Bunyan manteve-se activa no espírito de fãs como Devendra Banhart e Joanna Newsom. Em 2000, “Just another diamond day” teve finalmente honras de reedição e a senhora ter-se-á entusiasmado ao ponto de dar a sua voz a discos de Devendra e Animal Collective e de decidir avançar para um segundo álbum, editado em 2005. Surgiu assim “Lookaftering”, que contou com a participação de Banhart, Joanna Newsom, Adem, Kevin Barker dos Currituck Co, Otto Hauser dos Espers e Adam Pierce dos Mice Parade. Mas o disco é todo a voz de Bunyan, que se sentou à minha cabeceira e me embalou para sonhos maravilhosos. Beleza em estado musical. O mais puro dos folks, mas sem saudosismos sessentistas. O terceiro tema, “Wayward”, tem tudo o que faz uma canção perfeita.

Arbouretum - “Rites of Uncovering”


Os Arbouretum são liderados por Dave Heumann (acompanhado por Walker David Teret, Corey Allender e Daniel Franz), que tem colaborado com Bonnie Prince Billy, Cass McCombs, Anomoanon e Papa M. Depois do primeiro album "Long Live the Well-Doer”, editado na Box-Tree Records, o novo disco que afirma plenamente a banda, aparece neste início de ano na Thrill Jockey com o nome “Rites of Uncovering” e enquadra-se no universo do folk-country rock. Com sabor a Neil Young e algumas semelhanças com os já citados Anomoanon, mas com um toque orgânico muito particular, que torna o album mágico. Com momentos mais sombrios alternados por espasmos de energia electrizante, onde pontuam arranjos atmosféricos conseguidos pelo cruzamento de vibrafone, piano eléctrico, flauta, solos épicos de guitarra e muita alma. Particularmente indicado para fãs de Bonnie Prince Billy/Palace Brothers, David Pajo, Califone, Anomoanon ou Lambchop, mas com as devidas diferenças que fazem deste um projecto com uma força muito própria.

17/01/2007

Oneida - Happy New Year

Onde é que eu estava com a cabeça quando fiz a minha lista de melhores discos do ano e me esqueci do genial "Happy New Year" dos Oneida? E quando é que alguém os trás cá? Basta ver este video do tema "The Adversary" para perceber que ia ser uma noite de arromba. Quem alinha?

GRANDES VERSÕES: Butthole Surfers "Hurdy Gurdy Man" (Donovan)

Em 1991 os Butthole Surfers lançaram o seu último grande disco, "Pioughd", depois de uma década de 80 em que poucos foram tão inovadores no rock como eles. E "Hurdy Gurdy Man" surge como ponto alto desse disco, numa louca e brilhante revisão do clássico de Donovan. Será que hoje ainda há esperança para os surfistas do olho do cú?

16/01/2007

AKRON/FAMILY em Portugal


É oficial. Os Akron/Family, autores de um dos melhores discos do ano passado, "Meek Warrior" e senhores do melhor folk/rock/jazz/weirdo que tem surgido por aí nos últimos tempos (obrigado Michael Gira) vêm a Lisboa e a Braga. Aqui ficam as datas. Cunhado Carlos, depois dos Comets On Fire, este é outro que não podemos perder.

22 Abril - Music Box Lisbon, Portugal
23 Abril - Teatro Circo Braga, Portugal

13/01/2007

GRANDES VERSÕES: The Wolfgang Press "Mamma Told Me Not to Come" (Randy Newman)

Mais uma rúbrica a inaugurar (este blog é uma loucura!): grandes versões por grandes músicos, em formato video ou áudio. E nada melhor do que começar com os saudosos Wolfgang Press a cantar Randy Newman em 1991. Confesso que é dos temas que mais vontade me dá de dançar.

11/01/2007

MEMORIAL DO CONCERTO #1 - NoMeansNo - Big Dick

Não é um video do concerto que vi, mas é uma das melhores músicas dos nomeansno e foi tocada em Praga. Lembro-me de achar curioso que o baterista toque de frente para os restantes membros da banda e não de frente para o público.

MEMORIAL DO CONCERTO #1 - nomeansno


Em 2004, durante o frenesim impossível do Europeu de futebol em Portugal, eu e a minha senhora decidimos ir passear daqui para fora. A oportunidade de ir a Praga surgiu por meia dúzia de patacos e como era uma das nossas viagens de sonho, nem pensámos duas vezes. Como faço sempre que viajo para uma grande cidade, antes de partir vou à procura dos concertos que vão acontecer por lá. E para surpresa minha quem é que ia tocar a Praga no dia 20 de Junho de 2004, no Lucerna Bar? Nem mais nem menos que os nomeansno, uma banda que deu direito a muitas moxes na adolescência dos anos 80 e cujo disco "Wrong" ainda hoje está na minha lista de melhores discos punk-rock-hardcore de sempre (estou a ouvir neste momento o mais recente disco da banda, de 2006, "All Roads Lead To Ausfahrt"). Lá convenci a minha senhora a alinhar no concerto (o que vale é que ela alinha sempre), mas quando chegámos à porta um gajo mal encarado disse-nos que já estava esgotado. Como bom português, fiz o choradinho que vinhamos de longe e que queríamos tanto, mas tanto, ver o concerto... E para nosso espanto o homem arranjou-nos bilhetes que pagámos ao preço que ele fez, sem questionar. A porta abriu-se e começámos a descer umas escadas em direcção a umas catacumbas, cheias de gente e fumo de todas as qualidades. Gajos com cristas e gajas cheias de piercings completavam o quadro de uma sala que mais parecia um cabaret. O cenário ideal para "one, two, three!" os nomeansno. O concerto passou num ápice, com a cabeça sempre a abanar (a minha e todas as outras cabeças checas) e muito cantarolar (até me lembrava das canções e tudo!). Foi um concerto suado, de pura energia non-stop, completamente contrastante com aquela maravilhosa cidade romântica e intemporal. E por isso mesmo foi completamente inesquecível. Saímos da sala para saber que Portugal tinha ganho à Espanha por 1-0. Por mim até podia ter perdido, porque perdidos já estávamos nos com a bomba que foi este concerto. Decidimos caminhar noite fora pelas ruas de Praga em êxtase. Podíamos perfeitamente ter ido ver a seguir a casa onde Mozart compôs as notas finais de Don Giovanni ou um espectáculo de música klezmer, como o fizémos, mas noutro dia. São estes contrastes que tornam a vida interessante e que me fizeram começar este blog.

MEMORIAL DO CONCERTO

No espírito de abertura musical deste blog, para todos os géneros de música e para o passado, o presente e o futuro, vou introduzir uma rúbrica (gosto desta palavra...) à qual irei voltar recorrentemente (ou seja, quando não tiver mais nada que fazer ou dizer) e que tem por único objectivo recordar momentos especiais de alguns dos muitos concertos que tenho visto desde os meus 15 anitos. Ou porque ontem sonhei com a banda, ou porque estou a ouvir um disco e a memória leva-me 10 anos atrás no tempo, ou porque gosto de inventar títulos para as coisas e gosto do título Memorial do Concerto. Brevemente num blog perto de si.

10/01/2007

Have you heard the Grizzly Bear?


2007 já cá canta, mas muitas das novidades que me têm chegado aos ouvidos ainda vêm de 2006. Os Grizzly Bear são uma das mais recentes, nomeadamente o recém estreado "Yellow House". As fotografias da banda não auguravam coisa muito boa, já que sofrem daquele problema de parecerem rapazinhos imberbes brit pop. Mas como já aprendi que as aparências iludem, deixei-me levar pela emoção e tive uma agradável surpresa (eles até são americanos, ao que parece). A música de Christopher Bear (bateria/voz), Edward Droste (voz/guitarra), Daniel Rossen (voz/guitarra) and Christopher Taylor (baixo/sopros/electrónica/voz) é inovadora porque dificilmente catalogável. Tem qualquer coisa de familiar com uns Akron Family, no mesmo sentido grandioso e épico, mas ao mesmo tempo intimista, se bem que menos cacofónico. Toda a instrumentação é de um cuidado extremo e com um forte sentido melódico. Uma agradável viagem de inverno com sabor a primavera. Tonalidades experimentais, mas perfeitamente enquadradas no formato canção. A saborear.

08/01/2007

In love with you (with Ella Fitzgerald)

Gosto tanto quando a minha mulher quer comprar música. E gosto tanto quando ela compra Ella, uma das musas inspiradoras do nosso amor. E gosto tanto de gostar tanto della. Este fim de semana descobrimos mais um disco que encheu de calor o cinzento dos dias. E hoje descobri este delicioso video que fica aqui para que todos vejam o amor que tenho por ti, minha Carla. Um amor que há de ser sempre intemporal, como é a nossa Ella.

05/01/2007

Einstürzende Neubauten Palast Der Republik

Os míticos EN continuam a dar que falar e ainda bem. Foram uma banda que, a par dos Sonic Youth, Tom Waits, Nick Cave, Current 93, Tortoise, Bonnie Prince Billy (não tem nada a ver, eu sei...) me abriram os tímpanos para novas e diferentes experiências musicais ao longo dos anos (e podia ficar aqui a tarde toda a acrescentar outras). Os Neubauten já não me batem tanto como dantes, mas continuam a ter um lugar especial nos meus ouvidos. Soube que eles editaram há muito pouco tempo um DVD ao vivo de um concerto que deram no Palast Der Republik, o edifíco do parlamento da antiga República Democrática Alemã. Ora o edifício foi recentemente demolido, e antes da dita demolição, os Neubauten deram um concerto no interior do espaço, com um coro de 100 ilustres anónimos. Uma ideia original e premonitória do nome da banda. Uma prova de que Blixa Bargeld mantém a chama dos EN viva há mais de 20 anos e ainda mais desde que abandonou os Bad Seeds de Nick Cave e se dedicou a tempo inteiro ao seu projecto.

03/01/2007

KING FOR A DAY - ladies and gentlemen, mr. Bobby Conn

Senhoras e senhores, aqui vai um video da próxima obra de arte de Bobby Conn. Ainda agora começou o ano e o disco ainda não foi oficialmente editado e "King for a Day" já é um dos melhores de 2007. Rock kitsch. Polémico como sempre. King forever.

Primeira descoberta do ano: Boris

Acabei de descobrir o poder dos japoneses Boris (obrigado Loubet!). Primeiro foi o álbum "Pink", que de rosa não tem nada, e depois a disco conjunto com os drónicos Sunn O))), de seu nome "Altar". Dois discos completamente diferentes, mas igualmente intensos. Especialmente indicados para quem gosta de música que desafia os tímpanos. Aqui fica uma amostra ao vivo dos Sunn O))) com o baterista dos Boris na voz. Is there any escape from noise?

Dinosaur Jr beyond 2007

É já um dos grandes aliciantes de 2007: o regresso dos Dinosaur Jr aos discos na sua formação original, com JMascis, Lou Barlow e Murph. Depois da reedição dos três primeiros álbuns em 2006, "Beyond", a sair em Abril. é o primeiro disco da banda desde a separação dos seus três membros em 1989. Pois é, já lá vão 18 anos... Literalmente, também eu gosto de bandas dinossaúricas. Para aguçar o apetite dos rockeiros, aqui fica a primaira aparição televisiva dos "velhinhos" Mascis, Barlow e Murph. Esta é para os fgãs de Seinfeld: reparem nos óculos à Morty Seinfeld de JMascis. Americanos...

 
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